A Polícia Civil do Rio de Janeiro deu início na última terça-feira (27) à Operação Caronte, visando desmantelar um esquema fraudulento que impacta profundamente o Bilhete Único Intermunicipal. Segundo a investigação, proprietários de vans realizavam um golpe sofisticado, acionando repetidamente o validador do sistema, mesmo com os veículos parados. A prática visava a obtenção de créditos indevidos através de subsídios estatais, resultando em um prejuízo estimado em dezenas de milhões de reais por ano.
O esquema fraudulento
A investigação, conduzida pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), revelou que os golpistas simulavam o transporte de passageiros em viagens fantasmas, especialmente em linhas que ligam o Centro do Rio de Janeiro a municípios na Baixada Fluminense, como Duque de Caxias, Magé e Guapimirim. Utilizando-se do sistema de bilhetagem eletrônica, os infratores realizavam várias validações de passagens em um curto espaço de tempo, gerando créditos que seriam reembolsados pelo governo. Um caso alarmante envolveu um único permissionário que registrou 34 validações em apenas uma hora, sem a presença de nenhum passageiro.
Mandados de busca e apreensão
Na operação, os agentes da polícia partiram para cumprir 9 mandados de busca e apreensão. Além da fraude com o Bilhete Único, existe uma suspeita alarmante de que veículos roubados estavam sendo utilizados para a prática dos crimes. As investigações continuam na busca por novos elementos que possam comprovar a extensão das atividades criminosas.
Consequências legais
Os responsáveis pelo esquema responderão a graves acusações, incluindo peculato, lavagem de capitais e constituição de organização criminosa. As penas somadas podem ultrapassar 30 anos de reclusão, refletindo a gravidade dos crimes cometidos em detrimento do transporte público e da população que dele precisa.
Impacto na população
Essa fraude representa uma ameaça significativa aos recursos públicos que poderiam ser utilizados para melhorar o transporte e a mobilidade da população. Os subsídios destinados a garantir um transporte público acessível e de qualidade estão sendo desvirtuados por alguns indivíduos em busca de lucro fácil. A operação Caronte é um passo importante para restaurar a confiança da população nas instituições que regulam e fiscalizam serviços essenciais.
Referência mitológica
Curiosamente, o nome da operação — Caronte — refere-se ao barqueiro da mitologia grega que transportava as almas dos mortos através do rio Estige, cobrando uma taxa por essa travessia. Essa alusão toca a essência da fraude, onde os golpistas, como o barqueiro, cobravam por um serviço que nunca foi prestado, explorando a vulnerabilidade do sistema de transporte público.
Próximos passos
Com as investigações ainda em andamento, a Polícia Civil do RJ ressaltou a importância de denunciar quaisquer irregularidades relacionadas ao transporte público. A colaboração da população é vital para que os responsáveis sejam punidos, e o sistema possa ser recuperado, assegurando que os subsídios cheguem de fato àqueles que necessitam do transporte público.
A operação Caronte é um lembrete de que fraudes e corrupção não devem ser toleradas, sendo necessário um esforço conjunto para manter a integridade do serviço público e a justiça social.