Brasil, 5 de junho de 2025
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Polêmica do licenciamento ambiental: ministro de Lula apoia projeto

Membros do governo Lula não apoiam posição isolada de Marina Silva sobre o projeto de lei do licenciamento ambiental.

No cenário político atual, a discussão sobre o projeto de lei (PL) do licenciamento ambiental tem gerado uma forte polarização entre os integrantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Enquanto a ministra Marina Silva, titular da pasta do Meio Ambiente, se coloca firmemente contra a proposta, figuras influentes do governo parecem apoiar a aprovação do texto, que já passou pelo Senado e agora segue para análise na Câmara dos Deputados.

Divisão entre os ministros

Essencialmente, a Licença Ambiental Especial (LAE) é um dos pontos mais controversos do projeto, uma vez que visa acelerar o licenciamento de empreendimentos considerados estratégicos para o desenvolvimento nacional. A proposta determina que a classificação de tais empreendimentos deve ser aprovada pelo Conselho de Governo, mas o parecer técnico deve estar disponível em um prazo de 12 meses.

Entretanto, tal proposta não chega sem críticas substanciais. Organizações voltadas à proteção ambiental e comunidades tradicionais sinalizam preocupações de que a aprovação da LAE poderia comprometer a integridade ambiental e os direitos de populações vulneráveis, que tradicionalmente têm voz garantida em processos de licenciamento. Um dos principais focos de oposição se concentra na nova modalidade de Licença por Adesão e Compromisso (LAC), que permite que empreendedores apresentem uma autodeclaração, isentando-os de estudos prévio de impacto ambiental.

Reação do Ministério do Meio Ambiente

O Ministério do Meio Ambiente emitiu um parecer desfavorável ao projeto no dia da votação no Senado. Segundo a nota, a proposta poderia acabar excluindo comunidades tradicionais do processo licenciatório e dispensar estudos necessários para empreendimentos de médio porte. Marina Silva considera que o projeto fere princípios básicos de proteção ambiental e direitos humanos.

“Um dos pontos mais críticos do PL é a aplicação da Licença por Adesão e Compromisso (LAC), que dispensa análises aprofundadas. Esse tipo de abordagem é uma grave ameaça à proteção de nossos recursos naturais”, afirmou a ministra.

No entanto, a ministra se encontra em uma posição isolada, já que outros membros do governo, como Rui Costa, da Casa Civil, e Carlos Fávaro, da Agricultura, manifestaram apoio ao projeto, reforçando que ele representaria um avanço necessário para o país.

“Esse é um projeto que deve ser visto como uma oportunidade de promover crescimento sustentável, assegurando a licitação de obras que melhoram nossa infraestrutura”, defendeu Fávaro.

Conflito entre desenvolvimento e proteção ambiental

A postura do governo de Lula reflete um dilema que muitos consideram um retrocesso na governança ambiental. O presidente, alinhado com a visão desenvolvimentista de seus antecessores, prioriza investimentos em infraestrutura e exploração de recursos fósseis, enquanto Marina Silva luta para trazer um viés ambiental mais presente nas políticas públicas.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) tomou uma posição semelhante à de Silva, manifestando preocupação com o texto do projeto. Segundo a Funai, a legislação representa retrocessos nos direitos indígenas e na proteção ambiental, infringindo a Constituição Federal e tratados internacionais que o Brasil ratificou.

“Essa proposta fere diretamente os direitos assegurados aos povos indígenas e à preservação ambiental, com riscos para a biodiversidade local e direitos humanos”, ressaltou um representante da Funai.

Próximos passos no legislativo

No entanto, o futuro do projeto de licenciamento na Câmara dos Deputados permanece incerto. O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), ainda não incluiu a discussão sobre o projeto na pauta, mas não descarta que a matéria seja analisada a qualquer momento. A Frente Parlamentar Ambientalista está pressionando para que a deliberação sobre o projeto seja adiada.

Além disso, Marina Silva enfrenta outro desafio relacionado à exploração de petróleo na Foz do Amazonas. A ministra tem se posicionado contra a liberação da exploração, enquanto o Ibama cede a pressões políticas, o que a isola ainda mais dentro do governo.

A situação atual traz à tona a complexidade das decisões que envolvem desenvolvimento econômico e proteção ambiental. Os desafios são muitos, e a sociedade civil continua na expectativa de que as vozes a favor de um futuro sustentável sejam ouvidas no espaço político.

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