A Polícia Federal (PF) desencadeou uma operação significativa nesta terça-feira (27), cumprindo 10 mandados de busca e apreensão em cidades do Tocantins e Goiás. A ação se concentra na investigação de conflitos que envolvem a comunidade Quilombola Rio Preto, localizada a aproximadamente 50 km de Lagoa do Tocantins, além de fazendeiros da região. O objetivo principal da operação é a coleta de provas relacionadas a ameaças armadas, intimidações e ocupações ilegais de terras que são tradicionalmente habitadas pelas comunidades quilombolas.
Mandados cumpridos e apreensões
Durante a operação, foram cumpridos quatro mandados em Palmas, dois em Araguaína, dois em Lagoa do Tocantins, um em Dois Irmãos e um em Goiânia (GO). Além da busca por provas, a PF apreendeu uma arma de fogo e munições. Apesar do sigilo que envolve os detalhes da investigação, que a polícia não divulgou para não comprometer o andamento do caso, a Operação Intimidare visa proteger as comunidades quilombolas e coibir as práticas violentas que têm sido documentadas na área.
Histórico de conflitos na região
A região do Rio Preto é marcada por um passado conturbado, onde disputas de terras frequentes têm resultado em violência e violação dos direitos dos povos tradicionais. Em 2023, por exemplo, um incêndio em uma das casas da comunidade e disparos de armas de fogo foram registrados. Os moradores relataram que essas hostilidades estão diretamente ligadas à luta por terras que são de posse tradicional da comunidade. Em fevereiro deste ano, um novo episódio de violência se repetiu, quando a remoção de uma cerca que limitava o acesso da comunidade ao rio culminou em mais um incêndio em uma residência, deixando os moradores vulneráveis e inseguros.
De acordo com Rita Lopes dos Santos, uma moradora da comunidade, a situação é alarmante: “Nós temos uma liminar que nos dá a posse provisória do território e eles não estão cumprindo. Continuam passando trator na área, inclusive próximo às casas. Como esses fazendeiros estão há mais de um ano nos violentando e nenhum deles foi responsabilizado, outros fazendeiros também começaram a nos atacar.” Apesar das diversas denúncias feitas pela comunidade, até o presente momento, não houve punições concretas para os agressores.
Reação da comunidade e apoio das autoridades
A comunidade quilombola está em luta constante por seus direitos e busca proteção contra os abusos que têm enfrentado. A falta de resposta efetiva das autoridades tem gerado um sentimento de impunidade e desamparo entre os quilombolas. A Polícia Civil também foi acionada para investigar os incêndios e outras agressões, no entanto, não havia informações atualizadas sobre o status dessas investigações até a publicação deste artigo.
Com o histórico de conflituoso na região e o aumento das tensões nos últimos anos, a realização da Operação Intimidare é um passo importante para assegurar a proteção dos direitos das comunidades quilombolas, além de buscar coibir práticas ilegais e armas que ameaçam a segurança dos povos tradicionais.
A importância da proteção das comunidades quilombolas
As comunidades quilombolas são parte essencial do patrimônio cultural e histórico do Brasil, representando a resistência e a luta pela garantia de seus direitos e terras. O governo e a sociedade civil devem se mobilizar para apoiar esses grupos na defesa de suas atividades e da preservação de suas culturas, que são ameaçadas constantemente. A operação da PF pode ser um novo capítulo na luta por justiça e segurança para essas comunidades historicamente marginalizadas.