O Japão, após mais de três décadas na liderança, deixou de ser o maior investidor líquido global em ativos fora do país, segundo dados divulgados pelo Ministério das Finanças nesta terça-feira (27). Apesar da mudança, o país mantém uma forte posição de credor com US$ 3,69 trilhões em investimentos internacionais, alcançando um recorde histórico e representando uma alta de 13% em 2024.
Perda da liderança e cenário mundial
O avanço da Alemanha no ranking de credores reflete seu superávit substancial nas contas externas, que atingiu US$ 2,82 bilhões em 2024, impulsionado pelo desempenho exportador robusto e pela valorização do euro frente ao iene, cerca de 5% no último ano. Em contraste, o superávit do Japão foi de US$ 2,03 bilhões, mantendo o país entre os maiores poupadores do mundo, embora com menor influência no investimento global.
Impactos das políticas econômicas e mudanças cambiais
O sinal do governo japonês de revisitar a política de emissão de títulos de longo prazo nesta semana causou uma queda nos juros cobrados por dívidas públicas globais, incluindo o Brasil. Na abertura do mercado, os contratos de juros interbancários para janeiro de 2007 caíram de 13,955% para 13,875%. Segundo o ministro das Finanças japonês, Katsunobu Kato, a mudança no ranking não representa uma preocupação significativa, já que os ativos externos líquidos do país continuam a crescer de forma constante.
Investimento externo e mudanças no comportamento do Japão
Apesar da perda da posição de maior credor, o Japão mantém uma sólida estratégia de investimentos diretos no exterior, principalmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, nos setores de finanças, seguros e varejo. Segundo dados do Ministério, a preferência por investimentos diretivos, ao invés de títulos, dificulta uma rápida repatriação de fundos, especialmente em contextos de risco ou incerteza econômica, acrescentou o analista Kazunori Karakama.
Perspectivas para o futuro do investimento externo japonês
Com as políticas tarifárias do presidente Donald Trump e o aumento da tensão comercial, as empresas japonesas podem ser incentivadas a transferir operações para os EUA, o que pode impulsionar ainda mais os investimentos diretos no país. No entanto, a incerteza também pode motivar algumas companhias a repatriar operações para evitar riscos elevados no cenário externo, avaliou Karakama.
A expansão contínua dos gastos no exterior pelas empresas deve ser determinante para a manutenção ou recuperação da posição de credor líquido do Japão. Segundo o analista, o futuro do investimento externo japonês dependerá da continuação dessa tendência, especialmente nos Estados Unidos.