A inflação do setor da construção desacelerou em maio, atingindo 0,26% contra 0,59% em abril, revelando sinais de freio na alta dos custos, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo FGV Ibre. Essa redução foi impulsionada pela deflação de materiais e equipamentos, que recuou 0,12%, após uma alta de 0,35% no mês anterior. Além disso, houve desaceleração na variação dos serviços, que subiram 0,40% em maio, ante 0,50% em abril, e na mão de obra, que avançou 0,72%, abaixo dos 0,91% registrados no mês passado.
Probabilidade de uma tendência de queda na inflação do setor
A pergunta que fica é se esse movimento representa uma inflexão na trajetória do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que acumula uma alta de 7,17% em 12 meses. Para a coordenadora de Projetos de Construção do FGV IBRE, Ana Maria Castelo, a resposta dependerá do comportamento dos materiais. Ela explica que, apesar da desaceleração recente, o setor continua bastante aquecido devido ao aumento nas contratações previstas para os próximos meses.
“28% das empresas ouvidas na Sondagem da Construção indicam que irão aumentar as contratações nos próximos três meses, especialmente em junho, mês de acordo coletivo da categoria em São Paulo”, afirma Ana Maria Castelo. A situação sugere que o alívio no setor ainda não veio da mão de obra, que deve manter sua aceleração em junho, já que ela continua sendo uma das maiores dificuldades do setor.
Importância do comportamento dos materiais e o cenário externo
Para que haja uma efetiva tendência de queda na inflação, é essencial que o recuo nos custos de materiais seja consolidado. “A guerra de tarifas pode facilitar a importação de produtos mais baratos, como já ocorreu com o aço neste mês”, indica a economista. A evolução dos preços de materiais será um dos grandes fatores a conformar essa possível mudança de cenário.
Perspectivas e desafios para o setor da construção
Embora o otimismo continue entre a maioria das construtoras, o aumento das incertezas externas e os juros altos têm arrefecido a confiança das empresas com o futuro. Ainda assim, a atividade reflete um ciclo anterior forte, devido aos investimentos em infraestrutura e no mercado imobiliário, o que mantém as contratações em ritmo elevado.
Segundo especialistas, o Brasil tem setores na vanguarda em inovação, o que pode favorecer a retomada do crescimento, mesmo com os desafios atuais. Além disso, o aumento nas vendas de imóveis no Rio de Janeiro indica uma demanda contínua no mercado imobiliário local, apontando sinais de recuperação.