Brasil, 29 de maio de 2025
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Inadimplência no agronegócio afeta Banco do Brasil e reforça gestão de risco

Taxas de juros elevadas, perdas e novas regras do BC pressionam carteira de R$ 400 bilhões do banco

O domínio do Banco do Brasil em empréstimos ao agronegócio, responsável por metade do financiamento do setor no país, enfrenta uma forte crise em 2024. As altas taxas de juros, combinação de reveses nas safras e mudanças regulatórias, elevaram a inadimplência e impactaram os resultados financeiros da instituição.

Crise no setor e impacto nas finanças do banco

As taxas de juros, que atingiram níveis mais altos em quase duas décadas, e as dificuldades climáticas têm levado produtores rurais a pedidos de recuperação judicial em ritmo acelerado, o que nunca ocorreu com tanta intensidade neste ano. Segundo dados internos do banco, a inadimplência acima de 90 dias para empréstimos do agronegócio saltou para 3%, mais que o dobro do início de 2024.

Felipe Prince, vice-presidente de Riscos e Controles Internos do Banco do Brasil, afirmou que, apesar das provisões “significativas”, a inadimplência ficou bem acima do esperado, reflexo da deterioração do cenário econômico no setor rural. “A qualidade dos ativos no portfólio do agronegócio continua a se deteriorar ao longo do primeiro trimestre”, destacou Prince.

Alterações regulatórias e novas dificuldades

A entrada em vigor, em janeiro, de uma regra do Banco Central obrigou as instituições financeiras a provisionar perdas com maior antecipação, além de interromper a contabilização de juros sobre empréstimos em atraso. O Banco do Brasil, conhecido por sua postura conservadora, teve de ajusta-se a essa norma, que reduziu sua receita em aproximadamente R$ 1 bilhão.

O impacto foi mais sentido pelo banco, que possui cerca de R$ 400 bilhões em empréstimos ao agronegócio, segmento que representa cerca de um terço de sua carteira de crédito e é altamente exposto a mudanças contábeis. Segundo analistas, essa maior exposição intensificou a deterioração dos ativos, refletida no aumento da inadimplência.

Perspectivas e dificuldades futuras

O resultado ruim do primeiro trimestre levou a instituição a revisar suas projeções financeiras, alegando necessidade de mais tempo para avaliar o cenário. Medeiros, CEO do banco, afirmou estar em contato constante com o regulador e que há negociações para um “tratamento diferente” para a carteira agrícola, que possui particularidades específicas.

Especialistas alertam que o momento do agronegócio é de forte incerteza, agravado por elevados níveis de endividamento dos produtores e dificuldades na safra, especialmente após anos de expansão impulsionada por dívidas. Muitos produtores assumiram dívidas pós-fixadas, o que aumenta a vulnerabilidade diante das altas taxas de juros.

Reação do mercado e repercussões

Após divulgar os resultados do primeiro trimestre, o Banco do Brasil perdeu cerca de US$ 4 bilhões em valor de mercado — uma das maiores quedas entre bancos latino-americanos neste ano. As ações, que haviam se recuperado durante o ano, subiram apenas 2%, enquanto seus principais concorrentes, como Itaú, Bradesco e Santander, avançaram pelo menos 25%.

O mercado avalia que a deterioração da carteira de créditos e os resultados decepcionantes devam continuar afetando o banco nos próximos meses. Analistas do setor, como Eduardo Rosman do BTG Pactual, rebaixaram a recomendação do papel para neutra, destacando que “a deterioração foi maior do que o próprio banco havia indicado”.

Desafios e estratégias

Para tentar reverter o quadro, Medeiros reforçou o compromisso com a gestão de riscos e a busca por soluções mais completas, incluindo mesas de negociação com o regulador para um tratamento diferenciado do agronegócio. Além disso, o governo planeja liberar recursos do Plano Safra em junho, que poderão ajudar na recuperação do setor.

Por outro lado, a elevada exposição do Banco do Brasil ao agronegócio, segmento que responde por cerca de 23% da economia brasileira, torna a instituição mais vulnerável às mudanças do cenário econômico, especialmente diante de um ambiente de alta incerteza e adversidade no setor rural.

Mais detalhes podem ser acompanhados na nota publicada pelo Globo.

.tags: economia, bancos, agronegócio, inadimplência, mercado financeiro

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