Brasil, 23 de junho de 2025
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Funcionários da USP denunciam condições precárias no SVO

Relatos de trabalhadores apontam falhas graves em higiene e infraestrutura no Serviço de Verificação de Óbitos da USP em São Paulo.

Em um cenário alarmante, a Coordenação de Vigilância em Saúde da Prefeitura de São Paulo (Covisa) autuou a Universidade de São Paulo (USP) devido a condições insalubres no Serviço de Verificação de Óbitos (SVO), gerando preocupações com a saúde e segurança dos trabalhadores. Este problema, que se estende por pelo menos um ano, inclui carência de funcionários, falhas estruturais, além de inadequações de higiene, levando a uma situação inaceitável dentro de uma instituição de ensino superior.

Problemas persistentes no SVO

Novos documentos obtidos pela TV Globo revelam uma grave falta de estrutura no SVO-USP localizado na região central da capital paulista. Funcionários relataram à emissora que a carência de macas tem gerado situações críticas, onde corpos são empilhados em corredores, expostos à temperatura ambiente e atraindo roedores, uma situação que contraria as normas básicas de segurança. Esta realidade é ainda mais agravada pela insuficiência de equipamentos de proteção individual (EPIs), que, segundo os trabalhadores, são frequentemente inexistentes ou inadequados.

Denúncias e reclamações

O problema não é novidade: no ano passado, uma denúncia de um funcionário de uma empresa terceirizada que realiza o transporte de corpos já havia exposto a falta de materiais adequados, como sacos plásticos específicos para este tipo de transporte. Naquele momento, recomendava-se que os corpos fossem cobertos com lençóis ou cobertores, evidenciando um descaso com a dignidade dos falecidos e a saúde dos trabalhadores envolvidos.

Em maio de 2024, após inspeções, a Covisa multou a USP por falhas na segurança e por condições de higiene inadequadas. O relatório indicou uma situação alarmante, com a presença de riscos sanitários aos funcionários. Em março, uma avaliação interna do Serviço de Segurança e Medicina do Trabalho reforçou que a universidade deveria providenciar a substituição de macas desgastadas e a compra de novos EPIs. Contudo, após um ano, nenhuma ação efetiva foi tomada.

A pressão sobre os trabalhadores

Os relatos dos trabalhadores são chocantes. Um deles, que preferiu não se identificar, descreveu a rotina desgastante enfrentada pela equipe. Com turnos que chegam a durar 36 horas e uma redução drástica no número de funcionários, a pressão no trabalho tem aumentado significativamente. De três, o número de trabalhadores por turno foi reduzido para apenas dois, gerando uma sobrecarga de trabalho que se reflete na eficiência dos serviços oferecidos, resultando em atrasos, como a liberação de corpos que pode levar horas a mais do que o habitual.

A diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Solange Conceição Lopes, relatou que já havia solicitado melhorias à diretoria da instituição, mas sem sucesso. A resposta da gestão foi de que “está tudo normal” e que não reconhecem a gravidade da situação no SVO.

Posicionamento da SVO

Em contrapartida, o vice-diretor do SVO, Luiz Fernando Ferras da Silva, minimizou os relatos, afirmando que os casos mencionados estão fora do procedimento operacional padrão. Ele destacou que, ao tomar conhecimento de situações como a proliferação de roedores, rapidamente são adotadas medidas corretivas, como o processo de “desratização”.

No entanto, as afirmações do vice-diretor entram em contradição com os relatos dos trabalhadores, que insistem que a falta de pessoal e de manutenção adequada continua a ser um problema recorrente. Embora tenha afirmado que são utilizadas EPIs adequadas, a realidade vivida pelos funcionários refuta essa afirmação.

Um cenário que exige mudanças urgentes

A situação no SVO-USP é um reflexo da desvalorização e do descaso por parte da administração da universidade. Para que a saúde e a segurança dos profissionais e a dignidade dos falecidos sejam respeitadas, são necessárias ações imediatas e eficazes, incluindo a reestruturação das equipes de trabalho, a aquisição de equipamentos apropriados e a promoção de condições de trabalho adequadas.

É fundamental que a comunidade universitária e a sociedade se unam em torno dessa causa, cobrando transparência e respostas efetivas da administração da USP. A dignidade dos trabalhadores e o respeito aos falecidos são direitos que devem ser garantidos em todas as instituições de saúde e ensino.

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