O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tornou-se o alvo de um inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga sua suposta atuação nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. Desde que anunciou, em 18 de março, que se licenciaria do mandato para permanecer fora do país, Eduardo intensificou sua presença nas redes sociais, especialmente em seu perfil no X (antigo Twitter), realizando 37 postagens que mencionaram o ministro Alexandre de Moraes. Esta informação foi levantada pelo jornal O GLOBO e mostra a gravidade da situação política em que o deputado se encontra.
O foco nas críticas a Moraes
Segundo os dados coletados, as postagens de Eduardo representam cerca de 34% de todas as suas publicações durante o período, que totalizam 108 postagens até o início da semana. Em comparação, as menções ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à primeira-dama Janja da Silva e ao PT foram significativamente menores, com 23 e 6 postagens, respectivamente. Além disso, outras autoridades brasileiras foram mencionadas em apenas três ocasiões, enquanto nove mensagens insinuaram que o STF estaria promovendo uma “ditadura”.
A crescente ênfase nas críticas a Moraes está ligada à sua atuação nas investigações sobre os eventos de 8 de janeiro de 2023. Eduardo e outros membros da família Bolsonaro acusam Moraes de agir com arbitrariedade e perseguir adversários políticos da direita, alegações que têm respaldo nas postagens do deputado.
Postagens de ataque e retórica agressiva
A cronologia das postagens de Eduardo revela um padrão. Iniciando com críticas à ironia de Moraes sobre sua viagem aos EUA logo após deixar o Brasil, as publicações evoluíram para afirmações de que o ministro estaria alterando sua postura diante da pressão internacional. Em uma de suas postagens datada de 22 de maio, Eduardo destacou essa “evolução” ao afirmar: “Antes, eu era chacota. Hoje, vocês me levam a sério o suficiente para me ameaçarem.”
Além das críticas a Moraes, a situação ganhou maior atenção quando Marco Rubio, secretário de Estado de Donald Trump, mencionou possíveis sanções contra Moraes em resposta a questionamentos sobre a “perseguição política” no Brasil. Essa declaração reacendeu as postagens de Eduardo, que se utilizou do inglês para comunicar-se com um público internacional e pediu que os EUA aplicassem sanções ao ministro brasileiro.
A defesa de Eduardo e sua base nos EUA
Em várias ocasiões, Eduardo insistiu que não havia mudado seu tom e criticou a Procuradoria-Geral da República (PGR), que solicitou a investigação sobre ele, referindo-se a um “Estado de exceção” no Brasil. “A ‘justiça’ depende do cliente, o processo depende da capa”, escreveu ele, ressaltando sua opção por ficar nos EUA como uma forma de se proteger e atuar em defesa das “liberdades dos brasileiros”.
Durante sua estadia nos EUA, Eduardo também interagiu com políticos americanos e brasileiros. Reuniões com autoridades locais, incluindo o deputado Cory Mills, têm sido divulgadas por ele como parte de sua estratégia para gerar pressão internacional contra o cenário político no Brasil, que ele compara à Venezuela, chamando o Brasil de “Brazuela”.
Recepção entre apoiadores e o QG de Washington
Além de reunir apoiadores nos EUA, Eduardo começou a se referir à sua base como o “QG de Washington”, uma expressão que provoca associação com os acampamentos de apoiadores de Jair Bolsonaro durante o último período eleitoral. Recentemente, ele fez comparações entre sua situação atual e a tática de esquerdas no passado, como a visita de Dilma Rousseff à ONU em 2016, na qual denunciou seu impeachment como golpe.
Esse autoexílio de Eduardo Bolsonaro, que já dura mais de dois meses, levanta questões sobre as suas intenções políticas e sobre o impacto de suas ações entre seus apoiadores e a sociedade brasileira. Nas redes sociais, as palavras de Eduardo têm gerado polarização e discussão, refletindo um cenário onde a crítica ao STF e à atual administração se torna uma ferramenta de mobilização e resistência entre seus eleitores.