A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou nesta terça-feira uma petição à Comissão Europeia para investigar as empresas francesas que, em novembro do ano passado, fizeram declarações contrárias à carne brasileira. A iniciativa visa proteger a reputação dos produtos do país no mercado europeu, considerado um dos principais destinos de exportação.
Repercussão de declarações e boicotes na França
Na ocasião, o diretor-presidente do Carrefour, Alexandre Bompard, afirmou que a carne produzida no Brasil não atenderia às normas europeias. Após forte repercussão negativa e boicotes promovidos por frigoríficos brasileiros à companhia, Bompard voltou atrás, pediu desculpas e elogiou a qualidade da carne brasileira, conforme divulgado pelo próprio Carrefour.
Por contato até o momento, a empresa não respondeu oficialmente à solicitação desta reportagem.
Posicionamento da CNA e representantes internacionais
De acordo com o presidente da CNA, Roberto Bras, “sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeitando as normas internacionais e de sabor reconhecido”. A entidade enviou uma carta ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, apoiando a iniciativa de investigação da comissão europeia.
Nesta terça-feira, representantes da CNA estiveram em Bruxelas para finalizar os detalhes da petição. Participaram o vice-presidente de Relações Internacionais, Gedeão Pereira; a senadora Tereza Cristina, vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA); e a diretora de Relações Internacionais, Sueme Mori.
“Nós viemos protocolar esse pedido de investigação sobre as quatro empresas francesas que difamaram a carne brasileira”, afirmou a senadora Tereza Cristina. “Quem falar mal da nossa carne vai responder por isso”, ressaltou.
Acusações e riscos ao mercado europeu
Na petição, a CNA solicita que a Comissão Europeia investigue as ações do Carrefour, Les Mousquetaires, E. Leclerc e Coopérative U, que, segundo a confederação, têm feito manifestações infundadas que minam a reputação da carne brasileira e de outros países do Mercosul. Os varejistas controlam aproximadamente 75% do mercado na França.
A confederação alega que os anúncios coordenados dos varejistas buscaram atacar os produtos do Brasil e do Mercosul, levantando preocupações baseadas em alegações não fundamentadas sobre a qualidade da carne. Essa conduta, segundo ela, põe em risco a acceptance dos produtos brasileiros na União Europeia e prejudica as exportações do setor.
“Os varejistas declararam explicitamente que boicotariam a carne proveniente dos países do Mercosul, o que representa risco ao acesso dos fornecedores ao mercado europeu”, afirmou o documento.
Medidas propostas e objetivos da petição
Além de solicitar a investigação, a CNA pede o fim de boicotes e retratações de alegações depreciativas contra os produtos do Mercosul. A confederação também recomenda a aplicação de multas aos grupos de varejo que promovem esse tipo de ação, visando proteger a reputação do setor e garantir acesso justo aos mercados.
Perspectivas futuras e impacto na relação comercial
A iniciativa da CNA ocorre em um momento de tensões na relação comercial entre Brasil e França, refletindo preocupações sobre a reputação dos produtos nacionais na Europa. Especialistas avaliam que a investigação pode fortalecer a posição do Brasil na defesa de suas exportações, além de sinalizar um posicionamento mais rigoroso frente a declarações infundadas.
Segundo fontes da CNA, a comissão europeia deve analisar o pedido e dar um posicionamento nos próximos meses, enquanto o governo brasileiro acompanha de perto a situação, buscando garantir o livre comércio e a boa imagem dos seus produtos no continente.
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