Brasil, 28 de maio de 2025
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O legado de Sebastião Salgado: beleza e esperança nas fotografias

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, falecido em Paris aos 81 anos, capturou a essência da humanidade e da natureza em suas imagens icônicas.

O mundo da fotografia perdeu uma de suas mais importantes vozes com o falecimento de Sebastião Salgado, que nos deixou aos 81 anos em Paris. Nascido no Brasil, Salgado dedicou sua vida a retratar a beleza e o sofrimento das mais diversas regiões do planeta, capturando a essência da humanidade através de imagens marcantes que ressoam em preto e branco. Através de seu trabalho, ele não apenas documentou a condição humana, mas estabeleceu um convite à reflexão sobre a preservação do nosso meio ambiente. Alessandra Mauro, diretora da editora Contrasto, ressalta a importância de sua obra, sempre entrelaçada com compromissos sociais e ambientais.

A luz que esculpe o real

Com uma formação inicial em economia, Sebastião Salgado desenvolveu um olhar aguçado para as desigualdades sociais, a tecnologia desenfreada e a urbanização, capturando a essência da vida por meio da luz. Suas fotografias são um grito visual que abrange desde a simplicidade do cotidiano até a grandiosidade da natureza. O uso do preto e branco, com contrastes visuais marcantes, revela a corporeidade dos sujeitos que fotografava, sejam eles humanos ou elementos naturais como árvores, água, gelo e até mesmo o vento. Este estilo singular de Salgado frequentemente dialoga com temas abordados na Encíclica Laudato Si’ e na Exortação Apostólica Querida Amazônia, ambos do Papa Francisco.

Compromisso com a humanidade

Alessandra Mauro, que trabalhou diretamente com Salgado, recorda com carinho e admiração os momentos em que colaboraram juntos. “Ele foi uma pessoa muito importante para mim”, relembra. Um de seus primeiros projetos, “A mão do homem”, explorou o trabalho manual na transição de um milênio para o outro. Alessandra destaca a força do trabalho de Sebastião, que procurava criar grandes projetos de comunicação sobre temas como trabalho, migração e mudanças climáticas, utilizando a fotografia de maneira inovadora e impactante.

Uma narrativa épica

O estilo de Salgado é admirado por sua combinação de clasicismo e modernidade. Ele dedicava de seis a oito anos para cada projeto, produzindo sessenta ou setenta reportagens que teciam uma narrativa rica e diversificada. “Cada projeto envolvia um tema profundo como a migração, incluindo a história de diferentes povos”, afirma Alessandra. Em tempos em que a fotografia parece ter esgotado suas possibilidades, Sebastião Salgado conseguiu reinventar a forma de contar a realidade, trazendo uma nova perspectiva que enriqueceu a fotografia contemporânea.

Retratos das feridas do planeta

O continente africano foi uma das grandes paixões de Salgado, que se dedicou a documentar tanto sua beleza quanto suas dores, como a seca. Ao longo dos anos, sua atenção às questões ambientais se intensificou, culminando em projetos recentes sobre a América do Sul, incluindo a significativa exposição “Amazônia”. “Esta exposição foi montada em diversas cidades da Itália e refletiu tanto o aspecto profissional do fotógrafo quanto sua conexão pessoal com a natureza”, conta Alessandra. O livro “Outras Américas”, que explora a diversidade de seu continente natal, é um exemplo dessa conexão.

Um olhar sobre a beleza do mundo

Salgado sempre buscou unir suas instâncias éticas e estéticas. Alessandra ressalta a habilidade composicional do fotógrafo, aliada ao seu desejo de mostrar a beleza do mundo. Em vez de focar apenas nos aspectos degradantes da realidade, ele optou por destacar aquilo que ainda merece ser preservado. Sua obra sobre as mudanças climáticas, por exemplo, traz uma mensagem clara: precisamos nos comprometer na luta contra a degradação Ambiental. Salgado nos lembra das belezas que ainda temos e da importância de cuidarmos delas, sempre com uma mensagem de esperança.

O legado de Sebastião Salgado transcende as fronteiras da fotografia, ecoando em nossas consciências e nos desafiando a refletir sobre nosso papel na preservação do planeta. Sua obra não é apenas uma coleção de imagens, mas um chamado à ação, um testemunho da força da humanidade nas suas mais diversas formas e um lembrete constante de que a beleza do mundo deve ser reconhecida e protegida.

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