O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, sugeriu nesta segunda-feira (26/5) a ampliação dos impostos sobre apostas, conhecidas como bets. A iniciativa visa diminuir o impacto do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciado na semana passada.
Proposta de ampliação da taxação sobre apostas
Durante discurso em evento do Dia da Indústria, no Rio de Janeiro, Mercadante afirmou que a taxação das bets poderia ajudar a mitigar os efeitos do recente aumento do IOF. Não é fácil arrecadar bets, mas a gente poderia, com isso, diminuir, por exemplo, o impacto do IOF e criar alternativas
, explicou o presidente do BNDES.
Segundo Mercadante, essa medida faz parte de uma estratégia para diversificar e ampliar as fontes de arrecadação da equipe econômica. Ele também destacou que a proposta busca criar opções mais eficientes, sem onerar excessivamente o setor financeiro.
Reações do setor e críticas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não comentou diretamente a sugestão de Mercadante, mas afirmou em seu discurso que as taxas de IOF atualmente estão menores do que as praticadas anteriormente. Se vocês fizeram dever de casa e pegarem as alíquotas do IOF do governo anterior, verão que eram bem maiores
, avaliou Haddad.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, também se posicionou, reforçando a necessidade de alternativas fiscais, porém sem aumentar a carga tributária. Temos que ajudar a encontrar racionalidade tributária. Não só nas bets, mas também nas big techs e outras áreas que podem contribuir
, disse Alban.
Contexto e impacto da medida
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incide sobre operações de crédito, câmbio e seguros. Na semana passada, a equipe econômica anunciou um aumento nas alíquotas, como estratégia para ampliar a arrecadação e equilibrar as contas públicas. Entretanto, a medida gerou repercussão negativa no mercado financeiro, levando o governo a revogar parte das mudanças apenas horas após o anúncio.
Atualmente, permanecem em vigor aumentos nas alíquotas de compra de moeda estrangeira e na concessão de créditos a empresas e microempreendedores individuais (MEIs). Estima-se que essas ações possam arrecadar cerca de R$ 20,5 bilhões em 2025, embora os números estejam sendo reavaliados após o recuo na semana passada.
Declarações de Haddad e perspectiva futura
Em entrevista, Fernando Haddad destacou que as atuais alíquotas do IOF são menores do que as do governo anterior, reforçando a sua avaliação de que a equipe atual tem margem para ajustes. Se vocês fizerem dever de casa e pegarem as alíquotas do IOF do governo anterior, vocês verão que eram bem maiores os atuais
, afirmou.
Discussões sobre a taxa Selic
Tanto Mercadante quanto Alban criticaram o atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, que está em 14,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), define a taxa a cada 45 dias e, segundo os especialistas, há espaço para reduções graduais.
Mercadante afirmou que a queda na Selic deve ser feita de forma gradual, segura e sustentável. Alban reforçou a importância de buscar caminhos alternativos para a política monetária, que conciliem controle inflacionário e estímulo ao crescimento, sem depender exclusivamente da redução da taxa.
Assim, as discussões demonstram a busca por estratégias que conciliem arrecadação, crescimento econômico e estabilidade financeira, com a possibilidade de futuras alterações na política tributária e monetária.
Fonte: Metropoles – Mercado