Brasil, 28 de maio de 2025
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I encontro regional de jovens líderes indígenas católicos em Santarém

A primeira edição do encontro, promovido pela CNBB, visa fortalecer a liderança indígena nas comunidades católicas.

O I Encontro Regional de Jovens Líderes Indígenas Católicos, realizado entre os dias 23 e 25 de maio no Centro de Formação Emaús, em Santarém (PA), foi um marco significativo para a juventude indígena da Região Norte 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento, promovido pela Pastoral Juvenil N2, contou com a presença de representantes de diversas etnias indígenas e teve como principal objetivo fortalecer a liderança e a participação dos jovens nas comunidades católicas.

Uma necessidade reconhecida

A realização deste encontro foi um antigo desejo do salesiano Dom Antônio de Assis Ribeiro, bispo da Diocese de Macapá (AP) e referência para a juventude no Regional Norte 2 da CNBB. Dom Antônio percebeu a ausência de jovens líderes indígenas em comissões e grupos, tanto em níveis regionais quanto nacionais, e decidiu transformar esse anseio em um projeto concreto. “A juventude indígena precisa ser acompanhada mais de perto. Eles têm necessidades próprias e um potencial enorme que muitas vezes não é explorado”, afirmou.

Através da metodologia chamada “Ver, Iluminar e Agir”, os participantes foram encorajados a analisar suas realidades e identificar os problemas enfrentados em suas comunidades. O encontro foi uma oportunidade de escuta e debates sobre a realidade sociocultural e religiosa dos jovens indígenas, abordando temas como alcoolismo, discriminação, marginalização e a busca por alternativas de produção nas aldeias, além da crescente vulnerabilidade da juventude.

Desafios e realidades enfrentadas

Os jovens participaram ativamente em painéis em que apresentaram as questões mais prementes de suas comunidades. Problemas como discriminação, violência, dependência tecnológica e a crescente busca por oportunidades fora do ambiente familiar foram destacados. O aumento da depressão, ansiedade e suicídio entre os jovens indígenas foi um ponto de preocupação recorrente nas discussões, refletindo a urgência de um olhar mais atento sobre a saúde mental dessa população.

No relatório do encontro, elaborado com as contribuições dos participantes, também foi ressaltado o esfriamento religioso nas aldeias e a influência de novas práticas religiosas que desafiam as tradições católicas. Dom Antônio destacou a necessidade de uma ação mais eficaz da Igreja Católica nas comunidades indígenas para fortalecer a fé e contrabalançar a influência neopentecostal que tem ganhado espaço entre os jovens.

A voz da nova geração

Durante os três dias de encontro, foi clara a necessidade de um diálogo mais aberto entre os líderes indígenas e os jovens. Questões sobre a relevância da tradição em meio a uma modernidade desafiadora foram levantadas, e os jovens expressaram a necessidade de maior apoio dos caciques e líderes comunitários. O testemunho de jovens como Maíra dos Santos, que luta para incentivar a participação jovem nas missas, ilustrou a dificuldade em manter a fé católica viva e presente nas comunidades.

A busca por um equilíbrio entre a tradição e a modernidade também foi refletida na fala do jovem Glauber Wiyampo Tiriyó, que ressaltou a importância da religião em sua identidade indígena. “Acredito que ser indígena católico enriquece minha vida, pois integra minha cultura com minha fé”, comentou.

Caminhos para o futuro

O encontro não apenas forneceu um espaço para discutir desafios, mas também para traçar metas e ações em favor do protagonismo juvenil indígena. Com essa perspectiva, os participantes assumiram a responsabilidade de serem agentes de mudança em suas comunidades, sinalizando um futuro promissor para a pastoral juvenil indígena. Padre Antônio Gomes, assessor da Comissão Episcopal para a Juventude da CNBB, defendeu a criação da Pastoral Juvenil Indígena, considerando o evento uma etapa crucial nesse processo.

A participação ativa e o envolvimento dos jovens líderes foram evidenciados na escolha de Gustavo Xipaya como o primeiro jovem indígena a integrar a Coordenação Nacional da Pastoral Juvenil da CNBB, simbolizando uma nova era de transformação e inclusão.

O I Encontro Regional de Jovens Líderes Indígenas Católicos, portanto, foi mais que um evento; foi o início de uma jornada de conscientização, união e fortalecimento das comunidades indígenas na fé católica, promovendo diálogos e ações que visam o bem-estar e o desenvolvimento integral dos jovens nas aldeias.

Assim, espera-se que os frutos desse encontro se espalhem pelo Brasil, incentivando outros encontros e discussões acerca da juventude indígena e suas realidades, mantendo viva a chama da fé e da tradição em um mundo em constante transformação.

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