Brasil, 30 de maio de 2025
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Feminicídio no DF: 39 crianças ficaram órfãs em 2025

No Distrito Federal, 11 mulheres assassinadas em 2025, todas mães, deixaram 39 crianças e jovens órfãos, impactando suas vidas emocionalmente.

No Brasil, o feminicídio representa um problema grave, com impactos que vão muito além das estatísticas e afetam diretamente a vida de quem fica. No Distrito Federal, alarmantes dados revelam que todas as 11 mulheres assassinadas por motivo de gênero nos primeiros cinco meses de 2025 eram mães, deixando ao menos 39 órfãos – sendo 35 menores de idade. Esse cenário chocante traz à tona a urgência do tema e o quanto a sociedade precisa se mobilizar para ajudar essas crianças e jovens, que enfrentam traumas profundos e marcantes.

O luto e seu impacto emocional nas crianças

Os efeitos do feminicídio na vida dos órfãos são devastadores. Segundo especialistas, esses jovens enfrentam uma luta emocional intensa, que pode comprometer seu desenvolvimento de diversas formas. “Além de perder a figura materna, muitas vezes essas crianças perdem também o pai, seja por prisão, fuga ou suicídio após o crime”, explica Erick Fontenele, mestrando em psicologia clínica e cultura da Universidade de Brasília.

O psicólogo ressalta que o processo de luto para essas crianças é complexo e prolongado. Elas sentem uma mistura de raiva, tristeza e culpa, principalmente quando são ligadas diretamente ao autor do feminicídio. Esse turbilhão emocional pode levar a dificuldades de socialização e a um estado de hipervigilância, segundo a médica pediatra Priscila Xavier, especialista em trauma infantil.

A importância do suporte psicológico

Uma criança que perde a mãe para a violência vive não apenas a dor da perda, mas também a confusão emocional que pode durar toda a vida. “O luto é marcado por revolta e perguntas sem resposta”, afirmam os especialistas, que destacam a necessidade de apoio psicológico especializado. “É essencial que essas crianças expressem a dor, trabalhem a raiva e superem crenças de culpa indevida”, recomenda Fontenele.

Priscila Xavier complementa que a família e cuidadores têm um papel crucial nesse processo. “As crianças, em alguns casos, podem optar pelo silêncio ou mesmo tentar fugir da dor que sentem. É vital que recebam acompanhamento adequado para evitar que os traumas se agravam”, diz.

Iniciativas de apoio a órfãos de feminicídio

Diante desses desafios, o governo do Distrito Federal criou o Programa Acolher Eles e Elas, que visa oferecer assistência financeira e acompanhamento psicossocial aos órfãos de feminicídio. Cada jovem tem direito a um salário mínimo mensal e a acompanhamento contínuo com psicólogos, assistentes sociais e pedagogos.

No entanto, apesar dos 39 órfãos identificados em 2025, apenas 12 crianças e adolescentes foram cadastrados no programa até o momento. A Secretaria da Mulher realiza busca ativa, mas frequentemente enfrenta dificuldades para localizar as famílias ou convencê-las a aderir ao benefício.

Como acessar os benefícios

Para ter acesso aos auxílios do programa, é necessário cumprir alguns requisitos, tais como ter sido afetado diretamente pelo feminicídio, residir no Distrito Federal há pelo menos dois anos e comprovar a situação de vulnerabilidade econômica. Os interessados devem apresentar documentos como boletim de ocorrência do caso e comprovantes de residência e vínculos, e podem entrar em contato com a Secretaria da Mulher pelos números (61) 3330-3118 e (61) 3330-3105.

As estatísticas são alarmantes, e a situação exige a atenção da sociedade e do poder público. Cada uma das vidas afetadas pelo feminicídio é uma tragédia que não deve ser ignorada. A coleta de dados e a implementação de políticas públicas são essenciais para garantir que essas crianças possam receber o apoio necessário e, assim, reconstruir suas vidas em um ambiente seguro e acolhedor.

Denuncie a violência

É imprescindível que a sociedade se mobilize contra a violência de gênero. Existem canais de denúncia, como a Central de Atendimento da Defensoria Pública pelo número 129, os Centros de Referência da Mulher, além do aplicativo Direitos Humanos Brasil e a Polícia Militar pelo número 190. Qualquer mulher em situação de violência deve saber que pode contar com suporte e acolhimento.

A violência contra a mulher é uma questão que não pode ser silenciada. As estatísticas são alarmantes e exigem atenção, ação e, principalmente, mudança.

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