O médico infectologista e dirigente esportivo Samir de Araújo Xaud, de 41 anos, foi eleito como o novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) em uma votação que ocorreu neste domingo (25) na sede da entidade, localizada no Rio de Janeiro. Candidato único, ele recebeu o apoio de 25 das 27 federações estaduais e apenas de 10 dos 40 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro. O mandato de Xaud se estende até 2029, substituindo Ednaldo Rodrigues, que foi afastado em 15 de outubro por determinação judicial.
A eleição e o boicote dos clubes
Diferente da eleição anterior em que Ednaldo Rodrigues havia sido reeleito por unanimidade, o pleito deste domingo (25) foi marcado pela ausência de 18 clubes que optaram por boicotar a votação. Entre os clubes que não compareceram estão grandes nomes como América-MG, Athletico, Corinthians e Flamengo. Apenas três equipes, Cruzeiro, Operário e Santos, participaram ativamente da votação, enquanto Bragantino e Ferroviária também se ausentaram. A Federação Paulista de Futebol (FPF), uma das mais influentes do país, também não participou.
É importante destacar que, segundo o estatuto da CBF, os votos têm pesos diferentes: os votos das federações estaduais contam três pontos, os dos clubes da Série A valem dois, enquanto os da Série B contam um ponto cada. Com isso, o novo presidente totalizou 103 pontos, ficando longe dos 141 possíveis.
Expectativas e desafios de Samir Xaud
Logo após sua eleição, Xaud afirmou que um de seus principais objetivos é que a população brasileira volte a se identificar com a seleção canarinho. Ele ressaltou em seu discurso de posse que quer iniciar “uma nova fase na CBF”, com ênfase na renovação de ideias e no desenvolvimento do esporte. “Nosso propósito é construir uma nova CBF, moderna e comprometida com o desenvolvimento da indústria de futebol”, declarou.
Além de Xaud, foram eleitos oito vice-presidentes que vão compor sua gestão. Entre eles estão nomes como Ednailson Leite Rozenha e Michelle Ramalho Cardoso, refletindo uma tentativa de diversificar as lideranças na CBF e incentivar novas propostas para o futebol brasileiro.
A legalidade do processo eleitoral da CBF
Apesar da nova gestão, o processo eleitoral da CBF ainda enfrenta questionamentos jurídicos. O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a analisar novamente a legalidade do processo eleitoral da entidade. Em uma ação que remonta a 2017, o Ministério Público questiona mudanças estatutárias que atribuíram pesos diferenciados aos votos de federações e clubes durante as eleições.
No mês de fevereiro, o ministro Gilmar Mendes arquivou a ação após um acordo que reconhecia a conformidade do pleito. No entanto, com o pedido de vista pelo ministro Flávio Dino, a questão será novamente debatida na próxima quarta-feira (28). O resultado deste julgamento pode impactar diretamente a nova administração da CBF e sua legitimidade.
Um futuro promissor?
A nova era sob a liderança de Samir Xaud surge em um momento crucial para o futebol brasileiro, especialmente com a aproximação das Eliminatórias da Copa do Mundo. O novo treinador da seleção brasileira, Carlo Ancelotti, realizará sua primeira convocação em breve, e as expectativas são altas entre os torcedores.
Os desafios que Xaud enfrentará são significativos, mas seu compromisso em promover modernidade e participação do público pode representar um recomeço para a CBF. Com um forte apelo por renovação e inclusão, a nova gestão busca não apenas a recuperação da imagem da CBF, mas também uma conexão mais direta e emocional com os torcedores, um dos pilares fundamentais do futebol.
A expectativa é que a nova gestão da CBF possa não apenas reunir os clubes sob uma mesma bandeira, mas também resgatar a paixão dos brasileiros pelo futebol, que tem enfrentado críticas e descontentamento nos últimos anos.