A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) elegeu um novo presidente neste domingo: o médico Samir Xaud, de 41 anos, foi escolhido com 103 votos dos 46 eleitores presentes à votação, realizada na sede da entidade, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. A eleição representa uma nova fase para a CBF, que vem enfrentando crises administrativas e institucionais nos últimos meses.
O percurso até a presidência
Samir Xaud, gestor da Federação Roraimense de Futebol (FRF), conseguiu angariar o suporte de 25 das 27 federações estaduais, com exceção de São Paulo e Mato Grosso, além de conquistar o apoio de 10 clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, entre eles Botafogo, Palmeiras, Vasco e Grêmio. O novo presidente irá suceder Ednaldo Rodrigues, que foi destituído judicialmente e assumirá o cargo para o quadriênio de 2025-2029.
Descentralização e novas perspectivas
Em sua candidatura, Xaud defendeu a descentralização do poder na CBF e a entrega do Campeonato Brasileiro aos clubes, uma proposta que visa dar mais autonomia e protagonismo às equipes na gestão do torneio. “É fundamental que possamos ouvir as vozes dos clubes, que são as verdadeiras entidades que movimentam o futebol brasileiro”, declarou Xaud antes das eleições.
A chapa e a nova equipe de vice-presidentes
Na sua candidatura única, Xaud inscreveu uma chapa considerada consensual, reunindo o apoio da ampla maioria das federações. O pleito também definiu os oito vice-presidentes da CBF, dos quais dois já ocupavam cargos na estrutura atual: Fernando Sarney, que atuou como interventor após a saída de Ednaldo Rodrigues, e Gustavo Dias Henrique. A chapa vencedora conta ainda com nomes como Michelle Ramalho Cardoso, a primeira mulher a ocupar a vice-presidência na história da CBF, e outros seis vice-presidentes que trarão a diversidade de experiências para a nova gestão.
Crise e irregularidades
A eleição de Xaud ocorre em um contexto de crise institucional na CBF, acentuada pela gestão anterior de Ednaldo Rodrigues, iniciada em dezembro de 2023. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro anulou as eleições de 2022, em que Ednaldo foi eleito presidente, inviabilizando sua administração. A decisão se baseou em alegações de irregularidades no Termo de Ajustamento de Conduta assinado entre a CBF e o Ministério Público do Estado, que visava resolver questões de eleições prévias.
Em resposta, Ednaldo recorreu ao Supremo Tribunal Federal, que inicialmente suspendeu a decisão do Tribunal, permitindo que continuasse no comando da CBF. Entretanto, com o enfraquecimento de seu apoio, ele antecipou a nova eleição e enfrentou novas controvérsias sobre a legitimidade do processo. As constantes mudanças de cenário culminaram na convocação das eleições que resultaram na ascensão de Xaud ao cargo.
Apoio e alianças importantes
O apoio de federações do Norte e Nordeste ao nome de Samir Xaud foi crucial para impedir a inscrição de outras candidaturas, como a do presidente da Federação Paulista de Futebol. Em menos de 48 horas, a articulação que levou à sua eleição foi consolidada, mostrando a força de alianças regionais no futebol brasileiro.
A CBF agora passa por uma nova fase sob a liderança de Xaud, que encontrará desafios significativos na estrutura do futebol brasileiro, mas tem recebido energias renovadas tanto da gestão anterior quanto do suporte em diferentes níveis do futebol nacional.
Com sua experiência e a mudança no comando, espera-se que Xaud inicie o trabalho de revitalização da entidade, buscando transparência e eficiência em suas operações. O futuro do futebol brasileiro permanece em um equilíbrio delicado, e o novo presidente terá papel fundamental na definição dos próximos passos.
