A menos de dois meses para suas eleições internas, o PT enfrenta impasses sobre quem comandará os diretórios regionais a partir de julho. Além da disputa pela direção nacional, para a qual o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, se consolida como favorito, os petistas vivem um cenário de divisão mais acentuada em pelo menos 18 estados. O pano de fundo dessas disputas é a montagem das chapas para as eleições de 2026, com foco nas candidaturas ao Senado e aos governos estaduais.
Eleições do PT e as implicações para 2026
À medida que o prazo de inscrição das chapas no Processo de Eleição Direta (PED) se encerra, as divisões já se tornaram evidentes. Os rachas dentro do partido se consolidaram, levando a uma situação em que as disputas estaduais apresentam de dois a sete candidatos, mostrando um campo de batalha político intenso e complexo.
Segundo o cientista político Paulo Baía, da UFRJ, “quem controla essa máquina, controla a política no estado”. Essa afirmação destaca a importância dessas eleições internas não apenas na escolha dos dirigentes, mas também nas futuras candidaturas e alianças políticas que o PT irá formar para as eleições estaduais e nacionais de 2026.
Perda de controle em alguns estados
No Paraná, o deputado estadual Arilson Chiorato, que é aliado de Gleisi Hoffmann, ministra de Relações Institucionais e ex-presidente nacional do PT, está lutando para se manter no cargo. Sua permanência seria crucial para favorecer uma possível candidatura da ministra ao Senado. No entanto, seu principal oponente é o deputado federal Zeca Dirceu, que ambiciona não apenas a presidência do partido, mas também uma vaga no Senado.
Zeca Dirceu declarou que “tem zero chance de composição”, ressaltando a intensidade da disputa interna e como a falta de consenso pode afetar o futuro do partido. Ele mencionou que, “o resultado de 2024 foi horrível”, evidenciando a pressão existente para se reestruturar e alinhar as estratégias partidárias.
Em estados como Ceará e Bahia, as disputas também indicam fissuras no partido. No Ceará, a deputada federal Luizianne Lins disputa com o governador Elmano de Freitas a liderança do diretório estadual, enquanto na Bahia, questões de aliança para o Congresso e possíveis candidaturas ao Senado estão no centro das discussões.
Alianças controversas e disputas regionais no PT
A situação no Pernambuco e Mato Grosso do Sul também reflete o clima de incerteza. Em Pernambuco, tentativas de união entre os grupos dos senadores Humberto Costa e Teresa Leitão falharam, levando Teresa a lançar sua própria candidatura. Essa fragmentação pode resultar em uma aproximação com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), caso ela tenha sucesso.
Em Mato Grosso do Sul, a questão da continuidade de apoio ao governador Eduardo Riedel (PSDB) se tornou um tópico polêmico, onde o deputado federal Vander Loubet é a favor da manutenção da aliança, enquanto Humberto Amaducci se opõe, mostrando o abismo que se distancia as diferentes correntes dentro do PT.
Dificuldades na união em meio a divergências estratégicas
No Rio de Janeiro, a rivalidade interna se intensifica com o lançamento de Diego Zeidan, filho do vice-presidente nacional do partido, Washington Quaquá, à presidência estadual do PT. A frustração com a falta de apoio de Eduardo Paes está colocando uma pressão adicional na relação do PT com o prefeito, aumentando a necessidade de se discutir os termos e objetivos de uma possível aliança para a reeleição do chefe do executivo carioca.
Já em São Paulo, o embate entre os deputados federal Kiko Celeguim e estadual Antonio Donato está evidenciando a busca pelo controle de uma das MAIS influentes lideranças do PT no país, enquanto tentam estabelecer suas prioridades e alianças para o futuro.
Expectativas ao se aproximar das eleições
Com o cenário político se definindo rapidamente, o PT enfrenta o desafio de unir suas forças e estabelecer uma agenda coesa para as eleições de 2026. O envolvimento nas disputas internas e a necessidade de formar alianças regionais poderão muito bem determinar o sucesso ou fracasso do partido em suas articulações futuras. A polarização entre os grupos internos serve como um alerta para a necessidade de negociação e conciliação se o partido quiser atuar de maneira eficaz nas próximas eleições.
À medida que as eleições internas se aproximam, a pressão apenas aumenta, e o tempo é escasso para que o PT resolva suas divisões internas e se posicione de forma forte e unida na corrida eleitoral.