O cenário da população em situação de rua em Limeira, São Paulo, tem passado por transformações significativas nos últimos anos. Um censo realizado pela Prefeitura local revelou que a dependência química se tornou o principal fator responsável por levar indivíduos a viver nas ruas, em vez da vulnerabilidade social ou financeira, que anteriormente predominava. A assistente social Rosana Cristina Gonçalves, envolvida nas pesquisas, compartilha detalhes sobre essa nova realidade social.
Mudança no perfil da população em situação de rua
Rosana explica que, ao acompanhar a população em situação de rua ao longo dos anos, conseguiu observar uma alteração significativa no perfil desses indivíduos. Segundo ela, atualmente, cerca de 99% das pessoas nessa condição são usuárias de drogas. “O nosso índice de pessoa em situação de rua hoje mudou muito. Não é mais aquele jeito antigo, em que a pessoa era vulnerável financeiramente e ia pra rua”, destaca a assistente social.
Embora ainda existam casos de pessoas que vão para a rua devido à vulnerabilidade social e financeira, a Prefeitura de Limeira tem conseguido reverter rapidamente esses casos. Rosana relata que, por meio de programas de educação social e cota alimentar, a assistência social tem proporcionado suporte necessário para tirar as pessoas da rua, reduzindo assim a incidência de situações provocadas exclusivamente por questões financeiras.
O papel da família e da dependência química
Outro aspecto que merece destaque é a relação entre dependência química e a estrutura familiar dos indivíduos. Rosana informa que, em muitos casos, mesmo quando há uma rede familiar e moradia disponíveis, o uso de substâncias psicoativas impede que a família consiga oferecer o apoio necessário. “A dependência química é mais forte”, afirma a assistente social.
Desigualdade de gênero e aceitação da ajuda
Desde a primeira edição do censo em 2021, os homens têm representado mais de 80% da população em situação de rua em Limeira. Esta disparidade, segundo a assistente social, está ligada a dois principais fatores: a predominância do consumo de drogas entre homens e a dificuldade que eles têm em buscar ajuda. Rosana destaca que, enquanto as mulheres muitas vezes enfrentam problemas psiquiátricos que as levam ao vício, elas tendem a ser mais receptivas à assistência oferecida. “Mesmo em idade mais avançada, as mulheres se apresentam mais maleáveis em relação ao oferecimento de ajuda”, afirma Rosana.
A importância da ajuda social
A assistência social para a população em situação de rua é descrita por Rosana como um “trabalho de formiguinha”. Muitas vezes, os atendimentos são realizados quando as próprias pessoas que estão em situação de rua procuram pelo Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP). Nesse local, são oferecidos serviços de higiene, alimentação e espaço para descanso.
Nos casos em que a equipe de assistência social procura ativamente por essas pessoas nas ruas, o trabalho é feito com base em convencimento e informação sobre os serviços disponíveis. “Muitas vezes, eles não querem sair da rua por causa do uso de drogas. Dentro dos espaços públicos, não é permitido o consumo. Portanto, essa dependência se torna um obstáculo para a saída da situação de rua”, conclui a assistente social.
A conscientização sobre a mudança no perfil da população em situação de rua pode contribuir para a formulação de políticas públicas mais eficazes para a reintegração social e o tratamento adequado para a dependência química, garantindo assim um futuro melhor para aqueles que enfrentam essa dura realidade.
Para mais informações sobre o trabalho da Prefeitura de Limeira e as iniciativas de assistência social, acesse a página oficial.
