Uma família brasileira está enfrentando um grave impasse ao tentar embarcar seu cão de serviço, Tedy, em um voo da companhia TAP com destino a Portugal. A situação se tornou crítica devido a complicações legais e à recusa da empresa em cumprir uma decisão judicial que permitia o embarque do animal. Hayanne Porto, a irmã da criança autista, estava ansiosa aguardando a chegada de Tedy, que tem um papel fundamental no bem-estar emocional da menina.
O papel crucial do cão de serviço
O médico Renato Sá, pai de Hayanne, destacou a importância de Tedy na vida da filha de 12 anos, que é autista e não-verbal. “Ela tem crises de agressividade e ansiedade, e Tedy é essencial para acalmá-la”, explicou Renato. Com Tedy ao seu lado, a criança consegue enfrentar melhor as dificuldades do dia a dia.
No último sábado (24), a família ficou mais de 12 horas aguardando o embarque no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, apenas para ser informada de que o animal não poderia embarcar. O voo estava marcado para decolar às 15h40, mas foi cancelado. Um segundo voo, que deveria ter saído às 20h25, também sofreu atrasos e partiu apenas na madrugada do domingo (25). A família não conseguiu embarcar, e Hayanne teve que retornar para casa.
Decisão judicial ignorada pela TAP
A situação se agravou com a recusa da TAP em cumprir a decisão judicial que determinava o embarque de Tedy na cabine junto com Hayanne. Apesar de ter segurança jurídica, a companhia aérea sugeriu que o cão viajasse no bagageiro, o que foi prontamente recusado pela família. Um gerente da TAP chegou a ser autuado pela Polícia Federal por desobediência, evidenciando a gravidade da situação.
Para complicar ainda mais o quadro, o Certificado Veterinário Internacional (CVI), que é necessário para a viagem de Tedy, expirou no início da manhã deste domingo. Isso pode impactar futuras tentativas de embarque e reforça a urgência da situação.
Comunicação e angustia familiar
De acordo com Renato, a dificuldade de comunicação da filha acentuou a angústia da situação. “Ela não consegue expressar o que sente, e isso gera ainda mais ansiedade. Utilizamos um aplicativo para explicar que foi um imprevisto, mas é difícil esclarecer o motivo real da recusa”, lamentou o pai.
A pesagem emocional na família é bastante palpável, com a menina já tendo passado por crises antes da aguardada chegada do cão. “Ontem, ela estava animada esperando Tedy e teve outra crise quando soube que não ia embarcar”, disse Renato, demonstrando a tensão enfrentada por todos.
Histórico do caso e suas repercussões
O desenrolar dessa situação remonta a 8 de abril, quando a família já havia tentado embarcar Tedy e enfrentou a recusa da TAP. Na ocasião, o juiz Alberto Republicano de Macedo Júnior, da 5ª Vara Cível de Niterói, havia concedido um mandado que garantiu o direito do embarque do animal junto à criança. No entanto, mesmo com a decisão judicial em mãos, a companhia insistiu em medidas que foram consideradas inadequadas pela família.
Tedy já havia realizado uma viagem anterior para o exterior, acompanhando Hayanne em uma viagem para Orlando, nos Estados Unidos, onde o cão foi treinado para lidar com diferentes situações, como ficar horas sem se alimentar. Isso reforça a capacidade do animal em cumprir sua função como apoiador emocional e de serviço.
Próximos passos e perspectivas
Após retornar para casa, a família planeja entrar com um novo pedido judicial na próxima segunda-feira, buscando resolver a situação e garantir o embarque de Tedy. A advogada da família, Fernanda Lontra, enfatizou a necessidade de que a TAP cumpra a liminar e permita o embarque do cão de serviço. A situação é um reflexo das complexidades envolvidas na legislação sobre transporte de animais de serviço e as obrigações das companhias aéreas.
Com a expectativa de que Tedy possa, finalmente, acompanhar Hayanne em Portugal, a família aguarda ansiosamente por uma resolução que leve em consideração não só a legalidade, mas também o bem-estar emocional da criança autista.
O caso ganha nova atenção à medida que mais pessoas se tornam cientes das dificuldades às quais famílias com membros autistas se deparam, reiterando a importância do suporte emocional e a necessidade de adequações nas políticas de transporte aéreo.