No Dia da Costureira, comemorado neste domingo (25), duas talentosas costureiras de Araraquara (SP) estão elevando a arte da costura a um novo patamar. Sueli Pereira Sanches, de 61 anos, e Damarys Tofoli Neves Sambiase, de 49 anos, demonstram como é possível transformar roupas e retalhos descartados em peças únicas com um forte apelo à sustentabilidade e à moda agênero.
Moda sustentável e criatividade em alta
O trabalho dessas profissionais vai além da costura; trata-se de um verdadeiro compromisso com o meio ambiente e o consumo consciente. Sueli, que é proprietária da marca Custô, enfatiza: “Minha costura é para dar um novo sentido às peças, transformando-as. É uma arte. Mas quero principalmente conscientizar as pessoas sobre a importância da reutilização para o meio ambiente.”
Ambas costureiras se especializaram na criação de roupas que não seguem os padrões tradicionais de gênero. Com isso, suas peças atendem ao público agênero, permitindo que pessoas de todas as idades e tipos físicos possam se sentir bem vestindo suas criações. “Não seguimos padrões de medidas universais porque cada corpo é único”, explica Sueli.
Damarys, à frente da marca “Tramas da Dama”, trabalha com retalhos industriais e de tapeceiros locais, criando camisas, kimonos e calças para diversos públicos. “Gosto de trabalhar com uma linha mais leve e versátil, roupas que vestem vários corpos e devem ser usadas em qualquer ocasião”, diz ela.
Upcycling: a arte de transformar resíduos em criação
Uma das práticas mais inovadoras entre essas costureiras é o upcycling, que consiste em criar novos produtos a partir de materiais que seriam descartados. Sueli utiliza retalhos de calças jeans, muitas vezes precisando de até sete peças para criar um único macacão, resultando em roupas exclusivas e cheias de texturas e cores.
“Na costura upcycling, não fazemos conserto e sim juntamos peças com outras, criando novas. Assim, cada modelo se torna único”, afirma Sueli. Da mesma forma, Damarys gasta seu tempo garimpando retalhos para produzir peças que não apenas são sustentáveis, mas também possuem uma energia e um significado que a produção em massa não pode oferecer.
Desafios e a importância do tempo na produção artesanal
Enquanto as grandes indústrias da moda trabalham em série e com cronogramas apertados, Damarys e Sueli dedicam-se a um processo artesanal que pode levar horas ou até dias. “Uma peça pode levar em média 6 horas só para o corte e costura, sem contar o tempo de lavar, passar e revisar o tecido”, comenta Damarys, enfatizando a importância de cada detalhe em suas criações.
Além disso, as costureiras destacam que o desperdício de recursos naturais é uma de suas maiores preocupações. De acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), a produção de uma única calça jeans consome, em média, 5 mil litros de água. “O meu trabalho é diferenciado; não é costura em série, mas peças únicas, criadas a partir de roupas que foram descartadas”, ressalta Sueli.
Inspiradas por mulheres e pela moda inclusiva
O olhar delas para a moda não é apenas técnico, mas também profundo e afetivo. Algumas das peças de Damarys são homenageadas com nomes de mulheres que marcaram sua vida. “Os nomes são uma forma de homenagear mulheres que fizeram a diferença no mundo. Não são as roupas que vestem as pessoas, mas as pessoas que vestem as roupas”, observa.
Por sua vez, Sueli diz que o que a inspira a continuar nesse caminho é ver as pessoas felizes ao vestirem suas criações. “Faço um trabalho de formiguinha e quando as pessoas se sentem felizes vestindo as minhas roupas, isso para mim é uma grande inspiração”, completa.
O impacto dessas costureiras na moda de Araraquara é inegável, mostrando que é possível fazer a diferença por meio da arte e do comprometimento com a sustentabilidade. Conforme o mundo evolui, a moda consciente, criativa e inclusiva se torna cada vez mais necessária e relevante.
Para mais histórias de iniciativas sustentáveis e inspiradoras na região, acompanhe as notícias do g1 São Carlos e Araraquara.