A situação de uma família brasileira se transformou em um verdadeiro drama quando a companhia aérea TAP se negou a cumprir uma decisão judicial que determinava o embarque de Tedy, um labrador que funciona como cão de serviço de uma criança autista. O animal é essencial para a estabilidade emocional da menina, que atualmente vive em Portugal com sua família.
Dificuldades emocionais para a criança
Apoio emocional é fundamental para a criança, que apresenta dificuldades em se comunicar verbalmente. O pai, Renato Sá, relata que a ausência de Tedy tem causado crises de ansiedade e agressividade na menina. “Ontem ela estava na expectativa da chegada dele e teve outra crise. A gente praticamente não dormiu”, desabafou o pai. Ao longo dos últimos meses, a criança lutou para lidar com a distância do animal, que foi fundamental para a sua adaptação em situações estressantes.
Com a decisão de se mudar para Portugal por motivos de trabalho, Renato e sua esposa se depararam com desafios inesperados que complicaram ainda mais a situação. A família recebeu uma proposta da Universidade de Lisboa, levando-os a deixar o Brasil, mas sem poder trazer o cão que assistiu a criança em momentos críticos anteriormente.
O papel do cão de serviço
Tedy não é um cão qualquer. Ele foi treinado para ajudar a criança em situações de crise, ensinando-a a se acalmar e proporcionando um ambiente mais seguro. Durante uma viagem anterior a Orlando, nos Estados Unidos, Tedy já demonstrou sua importância ao acompanhar a menina e facilitar sua adaptação às novas experiências. “Ele foi preparado para ficar horas sem comer, por exemplo, e sua presença é crucial para o bem-estar da nossa filha”, explica Renato.
A busca por soluções
Para lidar com a situação, a família se voltou para a terapia comportamental, na esperança de encontrar maneiras de amenizar a ansiedade da criança. Contudo, o desafio continua a ser o entendimento da situação, já que a menina não possui um meio verbal de se comunicar. “Temos dificuldade de extrair dela o que está acontecendo. Ela se comunica através de um aplicativo, mas isso não é suficiente para explicar a negativa do embarque do Tedy”, lamentou Renato.
A recusa da TAP e a decisão judicial
No dia 8 de maio, o grupo tentou embarcar para Portugal, mas a TAP se recusou a permitir que Tedy voasse. Em 16 de maio, uma decisão judicial apoiava o embarque do cão, mas no último sábado (24), tanto o cachorro quanto a irmã da menina foram novamente impedidos de embarcar pela companhia aérea. A TAP justificou que a segurança dos passageiros é prioridade e a pessoa que acompanharia Tedy não era a que necessitava de assistência especial.
“A TAP lamenta a situação, que lhe é totalmente alheia, mas reforçamos que jamais poremos em risco a segurança dos nossos passageiros, nem mesmo por ordem judicial”, afirmou a empresa, ressaltando que a decisão de embarcar o animal foi uma questão de segurança operacional, não relacionada ao bem-estar da criança.
O desafio de encontrar alternativas
Com a frustração acumulada, Renato e sua família continuam na busca por alternativas para que Tedy possa se reunir novamente com a criança. “Precisamos que a TAP cumpra a liminar que foi determinada. A ausência do nosso cão está causando enormes danos emocionais à nossa filha”, conclui Renato, esperançoso de que a situação se resolva em breve.
Este caso levanta questões importantes sobre a regulamentação do transporte doméstico de animais e como as companhias aéreas lidam com animais de serviço, especialmente em situações onde a saúde mental dos passageiros pode estar em risco. A luta da família por seus direitos é um lembrete de que muitas vezes, as regras precisam ser ajustadas para atender as necessidades mais humanitárias.
A expectativa é de que em breve, Tedy seja capaz de embarcar e proporcionar à menina o apoio de que ela tanto necessita, permitindo que a família reforce seus laços durante essa difícil transição.