O julgamento sobre a morte do ídolo argentino Diego Maradona, que começou em 11 de março, enfrentou uma suspensão polêmica na última terça-feira, quando surgiram alegações de que uma das juízas envolvidas, Julieta Makintach, teria colaborado com a entrada de câmeras nas audiências. Isso levantou preocupações sobre a produção de um documentário não autorizado sobre o caso, sem a devida aprovação das partes envolvidas.
Suspeitas sobre a juíza
A suspensão do julgamento visa investigar se Makintach, que preside um dos julgamentos mais importantes da Argentina, permitiu a filmagem durante as audiências. O advogado do autor da ação, Fernando Burlando, afirmou que o processo judicial deveria ser reiniciado devido à suposta culpa da juíza. Burlando planeja pedir a destituição e impugnação de Makintach, além de considerar a mesma ação em relação aos outros dois juízes do caso.
Segundo um documento apresentado à promotoria, às quais a AFP teve acesso, as imagens captadas durante o julgamento não eram parte de um documentário, mas sim de uma “entrevista” com a juíza sobre seu papel profissional. A pessoa envolvida na produção audiovisual, que se apresentou como amiga de Makintach, mencionou que a intenção era escrever um livro ou publicar algo nas redes sociais, sem qualquer referência ao julgamento em si.
Contexto e desdobramentos do julgamento
O julgamento de Maradona busca estabelecer a responsabilidade da equipe médica e dos profissionais envolvidos na morte do ex-jogador, que faleceu em 25 de novembro de 2020, devido a um edema pulmonar enquanto recebia cuidados após uma cirurgia. Maradona, conhecido como ‘El Diez’, foi uma figura icônica do futebol mundial, tendo levado a Argentina à vitória na Copa do Mundo de 1986.
As alegações de que a juíza teria colaborado com a produção de conteúdo audiovisual geraram uma série de investigações. Na sexta-feira, fontes oficiais confirmaram que seis residências na província de Buenos Aires foram alvo de operações de busca e apreensão, no intuito de coletar provas sobre o possível documentário. A pessoa que gravou as imagens afirmou que todo o conteúdo foi feito de forma amadora e gratuita, sem qualquer contrato ou compromisso com a produção.
Implicações para o futuro do julgamento
Enquanto isso, a polêmica gira em torno da integridade do julgamento, já que a participação de uma juíza em um projeto audiovisual, mesmo que não diretamente associado ao julgamento, pode levantar questões sobre a imparcialidade e a condução do processo. As ações de Burlando podem, portanto, impactar não apenas a juíza em questão, mas toda a estrutura do tribunal.
O julgamento, que está sendo realizado em San Isidro, perto de onde Maradona residia, poderá ser reiniciado com novos membros na equipe de juízes, dependendo da evolução das investigações. As repercussões desse caso prometem ressoar não apenas no âmbito jurídico, mas também nas páginas da história do futebol e da cultura popular argentina.
Com a expectativa de que novas informações sejam reveladas nos próximos dias, o mundo do futebol observa atentamente o desenrolar do caso, com a esperança de que o legado de Maradona seja respeitado e que a justiça prevaleça.