Nos últimos cinco dias, a Zona Norte do Rio de Janeiro se tornou um cenário de intensos conflitos entre facções rivais do tráfico de drogas, resultando em pelo menos cinco mortes e duas pessoas feridas, em uma série de confrontos que teve início no Morro do Fubá e se intensificou no Morro do Juramento. As disputas envolvem o Comando Vermelho (CV) e o Terceiro Comando Puro (TCP), com a polícia mobilizando operações para tentar conter a violência.
Conflitos no Morro do Fubá: invasão e três mortos
A primeira onda de confrontos ocorreu na última quarta-feira, dia 21 de maio, quando integrantes do Comando Vermelho invadiram o Morro do Fubá, até então sob controle do TCP. Segundo relatos, a intensidade do tiroteio era tão alta que o som das balas poderia ser ouvido a mais de dois quilômetros de distância, da estação de trem de Madureira. O resultado foi trágico para o TCP, com três integrantes sendo mortos durante os confrontos. Os corpos foram deixados em vias de acesso, como a Rua Padre Telêmaco. Após a operação, a polícia apreendeu um fuzil, drogas, um carro e uma moto roubados no local, indicando a gravidade da situação.
Retaliação no Morro do Juramento: dois mortos e vítimas inocentes
Menos de 24 horas depois, o TCP reagiu em uma tentativa de retomar o controle do Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, que havia caído nas mãos do CV. Este ataque foi liderado por Wallace Brito Trindade, conhecido como Lacoste, que é um dos principais responsáveis pelo tráfico no Complexo da Serrinha, em Madureira. Durante essa nova onda de violência, dois criminosos foram mortos, com seus corpos sendo deixados em uma caminhonete na entrada da comunidade.
Infelizmente, a retaliação não se limitou apenas aos envolvidos no tráfico. Uma mulher, Maria das Dores Ferreira dos Santos, foi atingida por uma bala perdida na cabeça enquanto se dirigia a uma farmácia com seu marido. Ela permanece internada em estado grave no Hospital Estadual Getúlio Vargas. Este caso ressalta o impacto devastador que esses confrontos têm sobre a população civil e a crescente insegurança que aflige os moradores da região.
Muito além da violência: a rotina de medo dos moradores
Moradores dos morros afetados vivem a constante sensação de insegurança, exacerbada pela falta de serviços básicos, como eletricidade, que em algumas áreas está interrompida desde o início dos confrontos. Um morador expressou o desespero que permeia a comunidade: “O Juramento está no escuro há dias. A gente não consegue dormir nem sair de casa com segurança”. Outro acrescentou: “Não dá mais pra viver assim. Queremos apenas o direito de ir e vir.”
Essas declarações ilustram a tragédia humana que se esconde por trás das estatísticas de mortes e feridos. Enquanto a batalha pelo controle do tráfico continua, a vida cotidiana dos habitantes é fortemente afetada, criando um clima de temor que se espalha rapidamente pela região.
Ações da Polícia Militar e canais de denúncia
Em resposta à escalada da violência, a Polícia Militar intensificou o patrulhamento nas comunidades afetadas e prometeu seguir com operações até que a ordem seja restaurada. Além disso, a corporação enfatizou a importância dos canais de denúncia anônima, onde cidadãos podem reportar atividades suspeitas relacionadas ao tráfico de drogas.
Os números de contato para denúncias são: Disque-Denúncia RJ (21) 2253-1177 para a capital e 0300-257-1177 para o interior. A participação da população é fundamental para combater a criminalidade e restaurar a paz nas comunidades da Zona Norte do Rio.
Os conflitos entre facções do tráfico são uma realidade dura e complexa que se reflete na vida dos cidadãos. Enquanto a polícia luta para restaurar a ordem, a esperança de um futuro mais seguro ainda parece distante para muitos que habitam essas áreas afetadas pela guerra de facções.