O sacerdócio é um dos pilares fundamentais da Igreja e desempenha um papel central na vida cristã. De acordo com a tradição católica, não só o Pai e o Filho desejam habitar nos discípulos, mas também o Espírito Santo, que vem para ensinar e recordar os ensinamentos de Jesus. Essa conexão espiritual é vital para a continuidade da mensagem cristã.
Jesus e a promessa do Espírito Santo
Jesus frequentemente enfatizava que nunca estava só. Em momentos de oração profunda, como ao se retirar para as montanhas, Ele se conectava com o Pai. Assim, ao anunciar que não deixaria os seus discípulos órfãos, Ele cumpre a promessa de enviar o Espírito Santo: o Defensor. A presença do Espírito é uma forma de garantir que os ensinamentos de Cristo perdurem através das gerações.
Durante as últimas confidências com seus discípulos, antes da paixão, Jesus revela que tanto Ele quanto o Pai desejam habitar no coração de seus seguidores. Esta habitação espiritual é condicionada à fidelidade à sua palavra. Jesus, de modo claro, transmite que a sua presença nos discípulos depende diretamente da aceitação e vivência da mensagem que lhes foi confiada.
Memória e Proclamação de Cristo
O desafio do esquecimento é uma das mortes que Jesus combateu. Ele anunciou sua ressurreição e a missão do Espírito Santo é justamente ajudar os discípulos a não esquecerem o que Ele disse e fez. Assim, os seguidores de Cristo não apenas relembram seus ensinamentos, mas também proclamam sua vida ativa e presente até sua volta gloriosa.
Um dos métodos pelos quais Cristo mantém viva Sua memória entre os homens é por intermédio do sacerdócio. O sacerdócio, tanto ministerial quanto comum, é essencial para a vida e a missão da Igreja. O sacerdócio ministerial refere-se àquele exercido pelos bispos e padres, enquanto o sacerdócio comum é compartilhado por todos os fiéis batizados.
O significado do sacerdócio
A palavra “sacerdote” significa “aquele que oferece o sacrifício”. O sacrifício que é oferecido a Deus, com a Eucaristia, é atualizado a cada celebração. Cristo é o verdadeiro e único sacerdote, pois se ofereceu a Si mesmo no altar da cruz. Assim, os padres, ao agirem “na pessoa de Cristo Cabeça”, atualizam este sacrifício em cada missa.
Além disso, a vocação de cada cristão, enquanto sacerdote, é oferecer sua vida a Deus. Isso não implica apenas em sofrer, mas em viver uma entrega a Deus que é vista em todas as ações do dia a dia. O batizado é chamado a consagrar sua vida ao Senhor, oferecendo-lhe sacrifícios espirituais que refletem a sua fé.
Sacerdócio comum e ministerial: uma só missão
O “sacerdócio comum” e o “sacerdócio ministerial” são expressões do único sacerdócio de Cristo, sem que um seja considerado superior ao outro. O sacerdócio ministerial existe para servir ao sacerdócio comum, fornecendo os meios necessários para que os fiéis vivam sua vocação de forma plena. Os padres, apesar de sua função especial, continuam a ser partícipes do sacerdócio comum, recordando sempre que a comunidade tem direito a ter um padre, e não o contrário.
Antes de serem ordenados, os padres também são batizados e, por isso, compartilham da mesma vocação que todos os fiéis. Como Santo Agostinho afirmou: “Convosco sou cristão; para vós sou bispo”, ressaltando que a identidade cristã é primária, sendo a função ministerial um chamado a serviço do povo de Deus.
Os desafios contemporâneos exigem que todos os cristãos, seja no âmbito ministerial ou comum, se dediquem para viver sua fé com autenticidade e testemunho. O sacerdócio, em suas diversas formas, é uma resposta ao chamado de Deus para que, unidos, possamos continuar a missão de Jesus e manter viva a sua memória nos dias atuais.
Assim, a reflexão sobre o sacerdócio é um convite à profundidade na vivência da fé, destacando a comunhão que todos nós, enquanto Igreja, partilhamos.