Brasil, 23 de maio de 2025
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Morte de Koyo Kouoh gera luto e reflexão no mundo das artes

A partida da curadora Koyo Kouoh deixa um legado significativo para a arte africana.

No dia 10 de maio de 2025, o mundo das artes perdeu uma de suas mais influentes vozes. Koyo Kouoh, nascida nos Camarões e criada na Suíça, foi nomeada Diretora Artística da Bienal das Artes de Veneza em dezembro de 2024. O anúncio de sua morte inesperada gerou consternação entre artistas e curadores ao redor do mundo e deixou um vazio imenso na expectativa por sua curadoria na tão aguardada edição de 2026.

O legado de Koyo Kouoh e sua visão pan-africanista

Paula Nascimento, arquiteta e curadora angolana, foi uma das muitas vozes a lamentar a perda de Koyo. Para Paula, Koyo era não apenas uma amiga, mas uma mentora e fonte de inspiração. Desde 2013, elas trabalhavam juntas em projetos que visavam não só expor a arte africana, mas também afirmar sua presença no cenário global. O Pavilhão de Angola, que Paula co-curou, ganhou o Leão de Ouro na Bienal de Veneza de 2013, um marco que simboliza a luta pela valorização da arte africana.

Kouoh foi muito mais do que uma curadora; ela se dedicou a educar e a formar novas gerações de artistas africanos. Fundadora da “Raw Material Company” em Dakar, ela criou um espaço que servia como plataforma de diálogo e intercâmbio cultural, refletindo seu compromisso com uma visão pan-africanista que buscava unir artistas e curadores africanos em um esforço coletivo para elevar a arte da África.

O Zeitz Museum of Contemporary Art Africa, onde Kouoh atuou como diretora artística, tornou-se um importante espaço para a promoção de artistas africanos e da diáspora, permitindo que suas vozes e histórias fossem ouvidas em um contexto global. Koyo acreditava que os curadores africanos deviam ser “agentes culturais” que entendem a relação intrínseca entre a arte e a sociedade.

A continuidade de sua visão

Paula Nascimento propõe que uma forma de homenagear Koyo seria assegurar que a direção artística da 61ª Bienal de Veneza seja mantida com uma liderança africana, refletindo a missão que Koyo defendia. “Temos outros curadores capacitados que podem continuar esse legado”, afirma Paula. Essa sugestão ressalta não apenas o vazio deixado pela curadora, mas também a necessidade de continuar sua luta pela visibilidade da arte africana.

Repercussão na comunidade artística

A perda de Koyo Kouoh também provoca um debate sobre o papel das curadorias africanas em eventos internacionais. Segundo Filinto Elísio, poeta e cofundador da Rosa de Porcelana Editora, o legado de Koyo será lembrado não apenas por suas conquistas, mas pela herança de conhecimento e inspiração que deixou. “Koyo era uma africana global, engajada e que sempre buscou dar voz à diversidade cultural do nosso continente”, disse Filinto em crônica publicada em sua homenagem.

Nascida em Douala, nos Camarões, e formada em Administração Cultural na França, Kouoh foi responsável por importantes curadorias ao longo de sua carreira, incluindo a Documenta em Kassel e a EVA International na Irlanda. Sua trajetória é um exemplo claro de como a arte pode ser utilizada como um veículo para a transformação social e cultural.

Com seu falecimento, a comunidade artística sente a necessidade urgente de discutir novas formas de curadoria, que reflitam as vozes e experiências africanas. A 61ª Bienal de Veneza, que ela estava prestes a liderar, agora deixa uma lacuna que será desafiador preencher, mas fundamental para honrar seu legado.

Um adeus sentido

A despedida de Koyo Kouoh foi marcada por homenagens em diversas plataformas e eventos. Seu impacto foi sentido nas cerimônias que celebraram sua vida e trabalho, mostrando que sua influência transcende sua presença física. Koyo nos deixou uma rica herança de pensamento crítico, compromisso com a cultura e uma visão que continua acessível a todos os que se dedicam à arte.

Como se pode ouvir em um podcast recente que relembra sua trajetória, o mundo das artes deve continuar a celebrar e construir sobre o que Koyo acreditou e praticou. Sua vida foi uma manifestação vibrante da conexão entre África e suas diásporas, assim como da importância de se traduzir essa relação em ações concretas dentro do campo artístico.

Em um momento de luto, também surge o chamado à ação. O trabalho de Koyo Kouoh permanece vivo, não apenas através de suas palavras e obras, mas também nos corações e mentes de todos que se comprometem a continuar seu legado.

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