Brasil, 23 de maio de 2025
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Impacto limitado das tarifas americanas na economia brasileira, aponta análise

Apesar das tarifas americanas contra o Brasil, efeitos concretos ainda não alteraram significativamente estratégias empresariais

O anúncio do novo pacote tarifário dos Estados Unidos contra o Brasil em abril levantou preocupações em setores estratégicos da economia brasileira. No entanto, passados dois meses, os efeitos ainda não resultaram em mudanças profundas nas estratégias empresariais ou na balança comercial.

Reações do setor empresarial e a economia brasileira

Segundo Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o impacto das tarifas americanas no mercado brasileiro permanece incipiente, devido à formação de estoques e discussões sobre postergação de negociações. “O impacto ainda é limitado, pois há expectativas criadas por negociações futuras e ajustes temporários”, afirma Alban.

Apesar de não haver retrações diretas, a CNI realizou uma missão aos Estados Unidos em maio para negociar tratamento diferenciado por setor. A entidade também sinaliza que o Brasil possui projetos de complementaridade produtiva, incluindo cadeias de semicondutores, terras raras, combustíveis sustentáveis (SAF) e data centers verdes.

Tarifas americanas e desvio na balança comercial

Alban alerta que as tarifas já provocam um desvio da balança comercial brasileira para outro parceiro, a China. “Com 55% das exportações de manufatura direcionadas aos EUA, essa situação requer uma solução rápida, preferencialmente setorial”, destaca.

  • 10%: Tarifas para todos os produtos brasileiros, estabelecidas por medidas protecionistas de Trump para favorecer a indústria americana
  • 25%: Tarifas adicionais sobre aço e alumínio, com embargo suspenso por 90 dias para a maioria dos países, exceto a China
  • 36,4%: Tarifa sobre exportações de carne brasileira, que, apesar da taxação, permanece mais competitiva devido ao menor custo

Perspectivas para setores específicos

A preocupação com a invasão de produtos chineses cresce, especialmente na indústria de calçados. Segundo Haroldo Ferreira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), as importações de calçados da China aumentaram 51,7% em março de 2024 em relação ao mesmo mês do ano anterior, antes mesmo da entrada em vigor da nova tarifa.

No agronegócio, a situação mostra resistência às tarifas. Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), afirma que as exportações de carne bovina ao mercado americano não sofreram retração, mesmo com o aumento de tarifas. Em abril, o Brasil enviou seis vezes mais carne bovina para os EUA do que no mesmo mês de 2024, com preços competitivos que mantêm a vantagem sobre a carne americana, cotada a US$ 100, enquanto a brasileira fica em torno de US$ 30.

Impacto no mercado financeiro e projeções futuras

Embora o impacto das tarifas sobre o mercado financeiro seja difuso, analistas como Eduardo Castro, CIO da Portofino Multi-Family Office, apontam que a desorganização provocada pela guerra comercial surpreendeu negativamente os mercados, gerando instabilidade na previsibilidade econômica global.

Castro acredita que os Estados Unidos continuarão sendo a principal economia mundial, mas o ponto de equilíbrio do mercado financeiro será diferente. Segundo João Daronco, analista da Suno Research, o impacto só deve ficar claro a partir de julho ou agosto, quando as empresas começarem a relatar oficialmente seus resultados.

Considerações finais e recomendações

Até o momento, a sobretaxação americana não provocou o esperado impacto no emprego ou na atividade industrial brasileira. A taxa de desemprego fechou o primeiro trimestre de 2025 em 7%, a menor da série histórica para o período, e não há sinais de deterioração na indústria exportadora, segundo dados do IBGE.

Especialistas indicam que a atenção deve permanecer voltada às negociações e às estratégias setoriais, que poderão determinar mudanças mais profundas nos próximos meses.

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