Nesta sexta-feira (14), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que nunca foi favorável à elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com o objetivo de aumentar a arrecadação do governo federal. A declaração ocorre após o governo Lula anunciar o aumento do imposto em operações como compra de dólar em espécie e remessas ao exterior.
Controvérsia sobre o aumento do IOF e objetivo fiscal
Durante participação no XI Seminário Anual de Política Monetária, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), Galípolo foi questionado sobre a intenção do governo com o reajuste do IOF. Ele explicou que o aumento foi motivado por metas fiscais, especificamente para alcançar o superávit primário.
“Em debates anteriores, quando se discutia alternativa para perseguição da meta, eu mesmo nunca tive muita simpatia com a ideia [de elevar o IOF]. Não gostava da ideia”, afirmou Galípolo, que também é ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda.
Reações do Banco Central e a independência da instituição
O presidente do Banco Central destacou que tomou conhecimento do aumento do IOF apenas durante o anúncio oficial, afastando qualquer hipótese de discussão prévia com a instituição. Ele também defendeu a autonomia do governo ao afirmar que, se necessário, as decisões podem ser revistas rapidamente:
“É natural que, ao tentar equilibrar as contas, o governo possa tomar alguma medida que eventualmente precise ser reavaliada”, disse Galípolo, ressaltando que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revogou a elevação após o feedback do mercado financeiro.
Recuo do governo e a busca pelo equilíbrio fiscal
O ministro Haddad anunciou a elevação do IOF na quinta-feira, mas, após críticas do mercado, decidiu reverter a medida no dia seguinte. Galípolo reforçou que a decisão do governo foi rápida e que o esforço de ajustar a política fiscal é comum neste contexto.
“Todo mundo precisa louvar e reconhecer que o ministro, em poucas horas, após o anúncio, já havia retirado a medida”, afirmou. “A busca pelo equilíbrio fiscal pode gerar medidas que, ao serem discutidas, podem causar algum desconforto, mas a rapidez na reavaliação demonstra compromisso com a estabilidade”, completou.
Implicações e perspectivas futuras
Galípolo defendeu a postura do Banco Central diante do episódio, ressaltando que a autonomia da instituição é fundamental para a condução da política monetária. Ele também destacou que o episódio não compromete a credibilidade do banco ou a independência na formulação de metas econômicas.
A crise gerada pela tentativa de aumento do IOF evidencia o delicado equilíbrio entre política fiscal e o câmbio, além de reforçar a importância de decisões transparentes e rápidas em momentos de volatilidade.
Mais detalhes sobre o posicionamento do Banco Central e a conjuntura econômica podem ser acessados na reportagem do G1 Economia.