Os Estados Unidos responderam por 40,7% da receita recorde de US$ 45,2 bilhões que o Brasil registrou com exportação de serviços em 2023, segundo o Relatório Anual do Comércio Exterior Brasileiro de Serviços divulgado pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Desde 2010, os EUA tiveram participação inferior a 40% apenas em 2016, reforçando sua posição como principal parceiro do Brasil nesse setor.
Dados de comércio bilateral de serviços em 2023
Em 2023, o mercado americano adquiriu US$ 11,2 bilhões em serviços brasileiros, um aumento de 1,1% em relação ao ano anterior. Por outro lado, o Brasil importou US$ 15 bilhões dos EUA, o que representou uma alta de 5,6%. Ainda que o relatório de 2024 ainda não tenha sido divulgado, o Banco Central revelou que as exportações brasileiras para os EUA cresceram 7,4%, enquanto as importações subiram 39,4% — números coletados por meio de operações cambiais.
Potencial para ampliação da participação brasileira
Segundo Abrão Neto, presidente da Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil), o setor de serviços permanece como uma das principais pontes de integração econômica entre Brasil e EUA. Mesmo com um déficit na balança, há oportunidades de crescimento, especialmente em segmentos com forte competitividade, como tecnologia da informação, telecomunicações, engenharia e arquitetura.
Oportunidades em serviços digitais e especializados
Ele destaca que empresas brasileiras podem ampliar suas exportações em serviços digitais, engenharia especializada, design industrial, arquitetura e consultorias especializadas. “Esses segmentos unem inovação, eficiência e competitividade, atributos altamente valorizados pelo mercado americano”, explica. Para ele, a digitalização da economia brasileira abre uma janela estratégica para diversificar ainda mais a pauta de exportações de serviços.
Principais segmentos de exportação em 2023
Os serviços profissionais, incluindo consultorias, tecnologia da informação, arquitetura, engenharia, serviços técnicos, financeiros, desenvolvimento de software, transporte e turismo, representaram grande parte das vendas externas. Destacam-se as viagens e turismo, que atingiram US$ 6,9 bilhões com crescimento de 39,5%, e os serviços relacionados à propriedade intelectual, com receita de US$ 921 milhões, alta de 23,6%. Os serviços financeiros também tiveram forte desempenho, atingindo US$ 1,075 bilhão, enquanto telecomunicações, computação e informações cresceram 24,6%, somando US$ 5,8 bilhões.
Desafios e perspectivas
De acordo com o Banco Central, as vendas globais de serviços brasileiras não se limitam ao mercado americano, sendo influenciadas por limites de dados e sigilo. José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), afirma que há muito potencial de expansão, especialmente na produção de commodities, mas evidencia a necessidade de melhorias na captação de dados setoriais.
Em 26 de junho, a AEB realiza o 16º Encontro Nacional de Comércio Exterior de Serviços (Enaserv), com o objetivo de auxiliar as empresas a elevarem as vendas internacionais de seus serviços. O evento reforça o movimento de promover maior compreensão e desenvolvimento do setor.
Para saber mais, acesse o relatório completo.