Brasil, 23 de maio de 2025
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Comércio bilateral Brasil-EUA mantém força mesmo com mudanças no cenário global

Apesar do déficit e da perda do posto de maior parceiro, Brasil e EUA continuam importantes na troca de bens, especialmente manufaturados e commodities.

Embora o Brasil apresente déficit comercial com os Estados Unidos há 15 anos, a relação econômica entre os dois países permanece vital. Os EUA, que perderam o posto de maior parceiro comercial para a China em 2009, continuam sendo um mercado importante, com destaque para itens tecnológicos e de transformação, essenciais à indústria brasileira.

Estrutura do comércio Brasil-EUA e principais produtos

Segundo dados da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham), cerca de 70% das exportações brasileiras aos EUA envolvem 51 itens industriais, como aviões, máquinas e produtos químicos. Em comparação, a União Europeia tem uma pauta com 22 produtos na mesma proporção, enquanto a China depende de commodities como soja, petróleo e minério de ferro.

José Augusto Castro, presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), destaca que, no passado, o comércio bilateral era mais focado em produtos manufaturados. “Hoje, a participação de commodities, especialmente petróleo — que representa 14% das exportações brasileiras —, cresceu significativamente”, explica.

Dados recentes e tendências do comércio Brasil-EUA

Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA atingiram US$ 40,3 bilhões, registrando recorde e alta de 21,9% em relação ao ano anterior. As importações somaram US$ 40,9 bilhões, aumento de 14%. A corrente de comércio total atingiu US$ 81 bilhões, expandindo 8,2%, destacando a alta intensidade dessa relação.

Carla Beni, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), avalia que as exportações brasileiras continuam relevantes, embora possam ser impactadas por futuras tarifas ou mudanças na política americana. “Produtos como o aço, que representam uma parcela importante das exportações, podem sofrer riscos adicionais”, afirma.

Impactos das políticas dos EUA e estratégias do Brasil

Segundo Beni, as compras antecipadas de soja pela China demonstram uma estratégia de diversificação de fornecedores. “Com as tarifas do governo Trump, produtos manufaturados brasileiros podem ser mais atingidos, pois seu preço é definido pelo exportador”, observa Castro.

Apesar do cenário de instabilidade, há oportunidades para o Brasil substituir importações americanas e chinesas. Nelson Ferreira, sócio sênior da consultoria McKinsey, ressalta que setores como o agro, mobiliário, vestuário, calçados e eletrônicos podem se beneficiar da redução do fluxo China-EUA, aproveitando o momento para ampliar sua presença no mercado internacional.

Desafios e perspectivas futuras

Embora os números atuais sejam positivos, o cenário ainda é incerto, pois negociações entre os EUA e outros países podem alterar o panorama comercial. Além disso, contratos já firmados tendem a retardar mudanças abruptas, que devem ser graduais.

Dados do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que, em abril, as exportações brasileiras para os EUA somaram US$ 3,57 bilhões, com crescimento de 21,9%, enquanto as importações atingiram US$ 3,79 bilhões, alta de 14%. No setor de aço, as vendas recuaram 23,2% devido às tarifas cobradas desde março.

Oportunidades e desafios para o Brasil

Com o menor fluxo comercial China-EUA, o Brasil ganha espaço para ampliar suas exportações. Nelson Ferreira destaca que o prêmio da soja brasileira nos portos está elevado em relação a Chicago, o que favorece o setor.

Por outro lado, o país precisa ficar atento às mudanças na política dos EUA, especialmente em setores como o de energia, onde setores como o petróleo e gás podem exercer pressão por tarifas e restrições. A economista da FGV, Carla Beni, acredita que a possibilidade de retaliações do Brasil é remota, especialmente considerando a dependência do comércio de bens essenciais, como carvão para a produção de aço.

As negociações continuam, com perspectivas de mudanças graduais e a busca por novos mercados para minimizar riscos e explorar novas oportunidades de crescimento.

Fonte: O Globo

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