Brasil, 23 de maio de 2025
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Cardeal Steiner pede mudança na economia e cuidado com a Casa Comum

Encontro Sinodal na PUC-Rio reflete sobre a relação entre economia e meio ambiente.

O II Encontro Sinodal de Reitores de Universidades para o Cuidado da Casa Comum, que acontece entre os dias 20 e 24 de maio de 2025 na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), trouxe à tona discussões urgentes sobre a relação entre economia e meio ambiente. O cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, enfatizou a necessidade de uma “mudança na economia que se tornou reguladora, dominadora da vida”, ao longo de sua participação no evento.

A reflexão sobre o sonho ecológico

Durante o congresso, que é um desdobramento das reflexões contidas na encíclica Laudato si’, o cardeal Steiner destacou que este documento representa “o horizonte que se abriu” e “ainda necessita de provocações e debates”. Ele reconheceu a importância de Laudato si’ como sendo possivelmente “o documento da Igreja com maior repercussão e de valor para o espaço e tempo em que vivemos”.

Steiner também fez alusão à ‘Querida Amazônia’, onde os “quatro sonhos” apontam para uma “hermenêutica da totalidade” que deve ser aplicada ao pensar econômico. Ele ressalta que “o cuidado com o todo” é essencial, e destaca que a encíclica provoca uma reflexão sobre a “dinâmica da convivência”, que tem o potencial de desestruturar a Casa Comum.

Vivendo em uma Casa Comum

“Vivemos numa Casa Comum”, enfatizou o cardeal, referindo-se à necessidade de uma relação de respeito e harmonia entre a humanidade e a natureza. Ele apontou a importância de uma conversão ecológica, que almeje uma relação de reciprocidade responsável e uma mudança nos paradigmas económicos vigentes. Essa chamada à ação inclui uma crítica à lógica econômica atual, que é frequentemente dominada pela busca incessante por lucros, desconsiderando o bem-estar do meio ambiente.

A eloquência da Eco-nomia

Steiner aprofundou-se na ideia da Eco-nomia, extraindo reflexões do filósofo Martin Heidegger sobre a linguagem e a essência do ser. Segundo ele, “a linguagem é o lugar onde o ser se manifesta e se expressa”, e ressalta a importância de um desenvolvimento econômico que não seja dominador, mas sim que promova uma convivência mais harmônica com a natureza.

No entanto, o cardeal também alertou sobre os perigos da economia imediatista que prepondera em nosso tempo. Ele observou que a lógica do lucro imediato e a manipulação da informação para interesse próprio têm resultado em uma relação doentia entre a tecnologia, a economia e o meio ambiente.

Perigos do imediatismo e a relação com os povos originários

Uma das reflexões mais incisivas feitas pelo cardeal diz respeito à maneira como os recursos naturais têm sido explorados de forma depredadora pela economia imediatista. Ele criticou a forma como os grupos econômicos dominam a esfera política, levando a retrocessos nas políticas de proteção ambiental. Para ele, essa realidade é uma clara demonstração de que “o que conta é o lucro, o ganho financeiro” e que existe necessidade de um convite para repensar a economia e a forma como nos relacionamos com a terra.

O cardeal também lembrou a importância de aprender com os povos originários, cuja relação com a natureza é pautada pela harmonia e pelo respeito. “A Laudato si’ é um convite a procurar outras maneiras de entender a economia e o progresso”, conclamou Steiner.

Restaurando a Justiça de Deus

Além da crítica ao afã de lucro, o cardeal Steiner falou sobre a importância de devolver e perdoar dívidas como uma forma de justiça. Ele propôs que essa busca pela justiça deve ser um caminho para a paz, ressaltando que é necessário “denunciar as situações de exploração da terra e opressão dos pobres”, provocando um chamado à ação coletiva.

A mensagem final do cardeal foi clara: “Deus confiou aos nosso cuidado a obra criada”, e essa responsabilidade não pode ser vista como opcional, mas como fundamental para viver segundo o Evangelho, conforme nos ensinou o Papa Francisco.

O II Encontro Sinodal de Reitores continua a suscitar um debate necessário e urgente sobre a relação entre humanidade e natureza, e o papel da economia nesse diálogo.

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