Brasil, 22 de maio de 2025
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Projeto de licenciamento ambiental é aprovado no Senado após 20 anos de debates

A aprovação do novo marco legal de licenciamento ambiental no Brasil gera controvérsias e reações divergentes.

No cenário político brasileiro, um marco significativo foi alcançado com a aprovação de um projeto que flexibiliza as regras para o licenciamento ambiental. Essa decisão marca o fim de uma longa discussão que se arrasta há duas décadas no Congresso Nacional, agora acelerada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre. A aprovação aconteceu rapidamente após a sua viagem pela Rússia e China, culminando na aprovação conjunta dos relatórios das comissões de Meio Ambiente e Agricultura, algo relativamente raro no legislativo brasileiro.

Os principais pontos do novo marco legal de licenciamento ambiental

O novo marco modifica substancialmente o processo de licenciamento ambiental, liberando empreendimentos de pequeno e médio impacto da burocracia anterior. Com isso, tais projetos poderão ser realizados com base apenas na autodeclaração dos responsáveis. A pecuária extensiva em propriedades rurais de pequeno e médio porte também fica dispensada de licenciamento. Por outro lado, projetos de grande porte ainda deverão passar por licenciamento, embora agora os pareceres de agências ligadas ao patrimônio histórico, saúde e povos originários sejam apenas consultivos, podendo ser ignorados.

A senadora Tereza Cristina, relatora do projeto, destacou que a nova legislação trará clareza às regras ambientais, prometendo uma redução de obras paradas e atraindo mais investimentos para infraestrutura. Essa visão é compartilhada por muitos no agronegócio que veem a aprovação como um passo positivo para o crescimento econômico.

Controvérsias e críticas ao novo marco legal

Apesar do apoio de setores do agronegócio, a aprovação do projeto gerou uma onda de críticas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, descreveu o texto como um retrocesso, ressaltando os riscos à segurança ambiental e social no Brasil. Segundo ela, essa nova configuração do licenciamento ambiental poderia dificultar o fechamento do acordo comercial do Mercosul com a União Europeia. Organizações ambientais respeitáveis, como o Observatório do Clima e o Instituto Socioambiental, lamentaram a decisão tomada às vésperas da COP30 em Belém, advertindo que isso poderia abrir espaço para tragédias ecológicas como as de Mariana e Brumadinho.

O clima de euforia no Senado, junto à manifestação contrária de ambientalistas e da ministra do Meio Ambiente, ressalta a polarização da discussão. A nova legislação parece beneficiar claramente os interesses do agronegócio em detrimento das preocupações ambientais, acentuando um conflito entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.

Reações políticas e os desdobramentos futuros

O simbolismo dessa votação transcende a sua simples aprovação; representa uma vitória do agronegócio sobre as pautas ambientalistas e um claro demonstrativo do poder de Alcolumbre dentro do Senado. O governo, por sua vez, enfrenta desafios consideráveis, já que a liderança afirmou que diversas partes da nova legislação podem ser inconstitucionais, o que sugere um possível veto presidencial. Entretanto, vetos nos dias atuais não garantem a segurança jurídica, pois podem ser facilmente derrubados pelo Legislativo.

As consequências da votação vão além do legislativo. A aprovação ocorreu logo após a liberação, por parte do Ibama, da realização de testes para exploração de petróleo na Foz do Amazonas pela Petrobras, revelando um contexto econômico que busca viabilizar investimentos em obras no Amapá. Essa complexidade revela estratégias políticas interligadas entre o governo e interesses empresariais no setor de petróleo e gás.

Uma mudança de paradigmas no debate ambiental brasileiro

A nova abordagem do licenciamento ambiental levanta questões sobre futuro do meio ambiente no Brasil e sobre a confiabilidade dos órgãos reguladores. O clima político, com suas simplificações e polarizações ideológicas, apenas reforça a necessidade de um debate mais profundo sobre como equilibrar crescimento econômico e sustentabilidade. A autodeclaração como método de licenciamento pode não solucionar, mas complicar a relação entre avanço econômico e cuidados ambientais em um país com uma biodiversidade tão rica e frágil como o Brasil.

À medida que o novo marco legal entra em vigor, o desafio continuado será preservar a segurança ambiental e social, garantindo que o potencial crescimento econômico não custe a integridade do nosso patrimônio natural. O futuro do licenciamento ambiental e sua implementação se tornam, portanto, uma questão de vigilância contínua e debate cidadão.

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