Na manhã desta quinta-feira, 22 de maio, o Papa Leão XIV recebeu o cardeal Marcello Semeraro e, durante a audiência, autorizou a promulgação de decretos que reconhecem três novos veneráveis: um bispo espanhol, uma religiosa colombiana e um prelado fundador de uma congregação no início do século XX. Este ato simboliza não apenas um reconhecimento religioso, mas também um tributo às vidas dedicadas ao serviço e à defesa dos direitos dos povos menos favorecidos.
Vidas dedicadas à evangelização e à paz
Os três novos veneráveis são uma religiosa e dois bispos, que, em suas trajetórias, viveram intensamente a missão de promover a paz e a justiça social. Entre eles, Alessandro Labaka Ugarte, conhecido como Irmão Manuel, nasceu em Beizama, Espanha, em 1920. Ordenado sacerdote em 1945, Ugarte teve um extenso trabalho missionário e, em 1984, foi consagrado bispo. Sua atuação no Equador, especialmente entre os indígenas Huaorani e Tagaeri, destacou-se pela defesa incansável dos direitos dos povos indígenas em uma época de forte exploração por empresas petrolíferas.
A coragem de Irmã Agnese
A história de vida da religiosa Agnese Arango Velásquez é igualmente inspiradora. Colombiana de Medellín, Agnese se juntou às Irmãs Terciárias Capuchinhas da Sagrada Família e, em 1977, participou de uma expedição missionária no Equador. Sua dedicação à evangelização, somada ao trabalho ao lado de Dom Manuel, fortaleceu sua luta pelos direitos dos Huaroani e pelos Tagaeri, grupos vulneráveis diante da exploração econômica.
Tragédia na floresta equatoriana
Em julho de 1987, Dom Manuel e Irmã Agnese, cientes dos riscos, decidiram se encontrar com a tribo Tagaeri. Ambos acreditavam na importância de um diálogo pacífico e na prevenção de conflitos. Tragicamente, suas vidas foram ceifadas em um ataque, mas seu legado de fé e coragem continua a impactar a sociedade até hoje. A investigação diocesana confirmou que a morte dos dois foi uma oferta consciente em prol de sua missão, evidenciada pela carta que Agnese deixou como despedida antes do trágico evento.
Mateus Makil: um pacificador na Índia
O terceiro venerável, Mateus Makil, nasceu em 1851 na Índia e se destacou como bispo e fundador das Irmãs da Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria. Sua missão focou principalmente na educação de meninas e na promoção da paz entre diferentes comunidades cristãs. Com um lema inspirador, “Deus é minha esperança”, Makil dedicou sua vida para reconciliar disputas entre os nortistas e sulistas na Índia, criando uma nova diocese que atendeu às necessidades específicas de cada grupo. Seu compromisso pela paz e desenvolvimento social é um testemunho de sua fé.
Um legado de santidade e esperança
O reconhecimento dos novos veneráveis pelo Papa Leão XIV não é apenas uma formalidade religiosa, mas uma maneira de homenagear vidas que simbolizam a luta pela paz e justiça. A trajetória de Dom Manuel, Irmã Agnese e Dom Makil nos convida a refletir sobre a importância do compromisso social e da solidariedade na defesa dos direitos humanos, especialmente em contextos de vulnerabilidade.
O ato do Papa representa um chamado à sociedade para que continue a valorizar e defender a dignidade de todos os povos, especialmente aqueles que enfrentam injustiças e preconceitos. A fama de santidade que rodeia os novos veneráveis é um testemunho do impacto que indivíduos comprometidos com a paz e justiça podem ter, inspirando uma nova geração a seguir seus passos.
Nos dias de hoje, o legado de ambos continua relevante, estimulando debates sobre os direitos dos povos indígenas e a necessidade de um diálogo respeitoso e solidário. As vozes de Dom Manuel e Irmã Agnese, assim como a de Dom Makil, ressoam como chamadas permanentes à justiça e à paz.
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