Uma tragédia abalou a cidade de Nova Friburgo, localizada na Região Serrana do Rio, quando Ingrid de Barros Oliveira, de 31 anos, e suas filhas gêmeas, Emilly e Elisa, perderam a vida após um parto em casa. A família denuncia negligência médica por parte da Maternidade Municipal, alegando que a gestante foi liberada duas vezes sem a realização dos exames necessários.
O relato de negligência médica
Thiago Ventura dos Santos, marido de Ingrid, conta que a esposa estava numa gestação de alto risco e que, em várias ocasiões, buscou atendimento no hospital. “No dia 8, minha esposa veio com muitas dores, internaram ela. Quando chegou, no dia 10, liberaram. Aí ela ficou sábado e domingo comigo. No dia 12, na segunda-feira, ela voltou a sentir muitas dores, eu trouxe ela para cá de volta. Não passaram nenhum tipo de exame para ela”, lamenta Thiago.
Após ser liberada, Ingrid iniciou o trabalho de parto em casa na madrugada do dia 13 de maio. Um dos bebês nasceu no banheiro da residência. A família aguarda pelo Samu, que demorou cerca de uma hora para chegar. Quando finalmente foram ao hospital, em uma situação desoladora, uma das gêmeas já estava sem vida e a outra morreu pouco tempo depois. Ingrid passou por uma cirurgia de emergência, mas também não sobreviveu.
Causas das mortes e luto da família
A certidão de óbito revela que as causas das mortes das gêmeas foram a prematuridade extrema e, no caso de Ingrid, choque hemorrágico e complicações do parto. Thiago, em um desabafo carregado de dor, afirma: “Era o meu sonho desde sempre. E eu acabei perdendo o sonho da minha família inteira.”
O impacto emocional causado pela perda é imensurável. Thiago expressa seu desejo que nenhuma outra família enfrente a mesma tragédia: “Infelizmente, é isso que eu quero: que nunca mais ninguém tenha que passar por isso. O sofrimento é grande demais.”
Investigações em andamento
O caso foi registrado na 123ª Delegacia de Polícia de Nova Friburgo, sob a categoria de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. O advogado da família, Wallace Corrêa Herdy, já iniciou medidas legais, incluindo a investigação da equipe médica que atendeu Ingrid e a análise da demora no atendimento do Samu.
“Agora algumas diligências serão requeridas para saber qual foi a equipe médica que fez o atendimento, qual foi a equipe que liberou a Ingrid para casa. É preciso apurar a responsabilidade da demora no atendimento do Samu”, explica o advogado. Ele também acrescenta que pretende levar a situação ao Ministério Público, tanto na promotoria de investigação penal quanto na tutela coletiva: “É preciso garantir que essa tragédia não volte a acontecer com outra família.”
Resposta das autoridades
A Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo se manifestou, informando que está apurando a situação. As Comissões de Óbito e de Revisão de Prontuário estão atuando junto à Vigilância em Saúde, que também está acompanhando o caso. “A Secretaria informa que está adotando todas as medidas necessárias para apurar com responsabilidade o caso mencionado”, afirmou o órgão.
Até o momento, a maternidade ainda não se pronunciou oficialmente sobre este gravíssimo incidente. Com a repercussão do caso, espera-se que medidas sejam tomadas para evitar que outras famílias enfrentem o mesmo sofrimento que a de Thiago e Ingrid.
Essa triste realidade evidencia a necessidade urgente de revisão dos protocolos de atendimento em situações de gravidez de alto risco, garantindo que cada paciente receba a atenção e os cuidados de saúde adequados, e assim, preservar vidas e sonhos.