Em meio a uma das crises mais desafiadoras da história recente da Ucrânia, o papel da mídia católica se destaca como um elemento essencial para sustentar a esperança e a fé do povo ucraniano. Após mais de três anos de guerra, o Catholic Media Centre (Centro de Mídia Católica), de Kiev, continua a informar e inspirar os cidadãos, mesmo diante das dificuldades cotidianas marcadas por apagões e ataques aéreos.
A rotina desafiadora dos sacerdotes ucranianos
“Apagões, ataques aéreos, notícias do front, e tristeza por parentes e amigos. São momentos muito difíceis”, descreve um sacerdote ucraniano que vive em Kiev. Apesar dos desafios, ele ressalta que encontra forças na oração e na comunhão com seus irmãos de fé. “Aqui em Kiev, muitas vezes à noite, ouvimos explosões e vemos luzes pelas janelas quando o sistema de defesa aérea entra em ação contra drones e mísseis russos. Vivemos essa realidade dia e noite”, declarou.
Essa situação complicada foi ainda mais impactada pela morte do Papa Francisco e pela eleição de Leão XIV, que trouxeram um momento de pausa à rotina de notícias difíceis que a mídia ucraniana enfrenta. Apesar das circunstâncias trágicas, o povo ucraniano continua interessado na vida da Igreja de Roma, demonstrando um forte desejo de se manter informado através do Catholic Media Centre.
O papel do Catholic Media Centre na Ucrânia
O Catholic Media Centre se destaca por seu trabalho articulado em três áreas principais: o site oficial da Igreja Católica Romana na Ucrânia, a revista infantil mensal “Vodohray”, e a filial ucraniana da rede de televisão Eternal Word Television Network (EWTN). Com cerca de dez colaboradores fixos e muitos outros envolvidos em projetos específicos, a estrutura enfrenta desafios enormes devido à guerra, mas se mantém firme em sua missão.
“O fato de a Igreja Católica estar presente na mídia é muito importante para o mundo moderno”, diz o Pe. Oleksandr Zelinsky, que lidera o centro. Ele destaca a importância de produzir conteúdos que não apenas informem, mas também nutram a espiritualidade e a esperança do povo. Além de cobrir eventos religiosos, a equipe realiza documentários sobre paróquias e congregações religiosas, contribuindo para a formação de uma comunidade unida mesmo em tempos sombrios.
Buscando um equilíbrio entre informação e sensibilidade
O padre Oleksandr enfatiza a importância de evitar o sensacionalismo, comum no jornalismo atual. “As pessoas são atraídas pelo espetacular, mas isso nem sempre traz valor. Precisamos ser interessantes, mas também lembrar que trazemos valores que são verdadeiramente preciosos”, afirma. Essa abordagem torna a programação mais significativa para os espectadores, que buscam não apenas distração, mas um sentido de pertencimento e esperança.
Superando os desafios da guerra
Os padres Oleksandr e Serhiy Zakharchenko são Missionários Oblatos de Maria Imaculada e têm trabalhado incansavelmente na EWTN desde a sua fundação, há 13 anos. A guerra deixou cicatrizes profundas, e ambos sacerdotes falam sobre a dor e a resiliência do povo ucraniano. “Mesmo diante das dificuldades, vemos que as pessoas não abandonam a fé e continuam frequentando as igrejas aos domingos para rezar”, compartilha o Pe. Serhiy.
A gratidão por parte dos telespectadores e leitores é um fator motivador essencial. “Fico muito feliz em ver pessoalmente aqueles que vêem na televisão”, diz o Pe. Serhiy. “Quando falo com eles, percebo que todos temos pessoas amadas na guerra e que compartilhamos essas experiências. Isso fortalece a nossa comunidade.”
O futuro da mídia católica na Ucrânia
Organizar atividades em tempos incertos é um desafio constante. Alguns funcionários foram forçados a deixar o país, enquanto outros enfrentam perigos no front. Apesar disso, a equipe aprendeu a se adaptar às situações de emergência, como a súbita sirene de ataques aéreos. Com uma determinação inabalável, o Catholic Media Centre acredita que é sua missão ser “pessoas de esperança” mesmo nas piores circunstâncias, confiando que Deus pode transformar tragédias em algo positivo.
Assim, a mídia católica na Ucrânia não é apenas uma ferramenta informativa; é um farol de esperança que ilumina os corações em meio à escuridão da guerra. E, enquanto a situação continua, a resiliência e a fé do povo ucraniano, apoiadas por sua mídia, permanecem mais fortes do que nunca.