Brasil, 23 de maio de 2025
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Justiça nega pedido de indenização de Datena contra Marçal

O juiz considera que a acusação de assédio sexual contra Datena é um fato verídico e que não é calúnia.

No recente caso envolvendo o apresentador Datena e o político Marçal, a Justiça decidiu negar o pedido de indenização de Datena, que alegava ter sua reputação ferida. A decisão sinaliza que o tema da acusação de assédio sexual, trazida à tona por Marçal em um debate, é de interesse público e deve ser discutido abertamente. A determinação foi proferida pelo juiz Christopher Alexander Roisin, que avaliou o contexto em que as declarações foram feitas.

A acusação de assédio e suas repercussões

O debate que deu início a essa controvérsia ocorreu em um ambiente eleitoral, onde Marçal mencionou a palavra “jack”, gíria usada para designar estupradores, referindo-se a Datena. Marçal justificou seu posicionamento afirmando que o público “que não sabia do fato” precisaria ser informado. O político ainda enfatizou que a condição de estuprador é diferente de ser apenas homem ou mulher, provocando reações durante a discussão.

As raízes da controvérsia remontam a 2018, quando a ex-repórter Bruna Drews, que trabalhou em um programa comandado por Datena, denunciou que sofreu assédio em um restaurante durante uma confraternização da equipe. Em uma entrevista, Drews revelou que Datena teria feito comentários inapropriados, incluindo que se masturbava ao pensar nela. A gravidade da acusação não apenas colocou o apresentador na mira da crítica pública, mas também desencadeou uma série de desdobramentos legais.

Negação e contradições

Após a acusação, Datena negou todas as alegações e, em um programa ao vivo, expressou seu descontentamento com a situação. Ele afirmou que estaria disposto a enfrentar quem quer que fosse necessário, utilizando uma expressão popular em defesa de sua honra. No entanto, a situação ganhou novos contornos quando, em 2019, Drews assinou uma declaração dizendo que o incidente nunca havia ocorrido, embora mais tarde tenha alegado que foi “induzida” a fazê-lo. A incerteza levantou questionamentos sobre a integridade da declaração e a dinâmica do caso.

Além disso, em resposta à denúncia de Drews, Datena processou a ex-repórter por calúnia e difamação, envolvendo-se ainda mais em um labirinto legal que agora se estendeu ao caso contra Marçal. O processo foi uma tentativa de restaurar sua imagem pública e proteger sua carreira contra rumores e acusações que impactam a vida profissional e pessoal.

Decisão judicial e seus impactos

Na decisão de terça-feira (20), o juiz Roisin observou que a acusação de assédio sexual contra Datena, embora incômoda, é um fato verídico. Ele afirmou que Marçal não errou ao levantar o tema em um debate, considerando que o contexto era um fórum legítimo para discutir assuntos que afetam a sociedade, especialmente em um período eleitoral. Ao negar o pedido de indenização, o magistrado ainda determinou que Datena deveria arcar com as custas do processo e os honorários advocatícios, marcando um revés significativo para o apresentador.

Este desfecho indica que a Justiça brasileira está tratando de questões de assédio sexual com a seriedade que elas merecem, reconhecendo a relevância dos fatos públicos na formação da opinião pública e no debate democrático. Com a possibilidade de recurso, o caso ainda não está encerrado, mas reflete um clima de intensificação das discussões sobre comportamento e ética, especialmente no cenário político brasileiro.

Em tempos onde temas como direitos das mulheres e assédio sexual se tornaram pautas centrais de discussão, o caso de Datena e Marçal ilustra a complexidade que envolve a responsabilidade de figuras públicas em suas interações e declarações. Este episódio ressalta a importância de um diálogo aberto e contínuo sobre esses assuntos, fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e consciente.

O GLOBO entrou em contato com as defesas de Datena e Marçal para obter comentários sobre a decisão, aguardando retorno. Este cenário continua a gerar discussões sobre liberdade de expressão e suas limitações em contextos políticos, refletindo tensões que são características do ambiente democrático.

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