Brasil, 23 de maio de 2025
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Ex-policial do Bope é preso por treinar chefes do tráfico no Rio

Ronny Pessanha cobrava até R$ 1,5 mil por hora para dar instruções a traficantes em combate e táticas de tiro.

O ex-policial Ronny Pessanha de Oliveira, conhecido por sua atuação no Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por fornecer treinamento a chefes do tráfico em técnicas de combate e tiro ao alvo. As investigações indicam que Pessanha cobrava até R$ 1,5 mil por cada hora de instrução, revelando uma conexão preocupante entre a polícia e o crime organizado.

Investigação e prisões na Zona Oeste

A prisão de Pessanha faz parte da Operação Contenção, uma ação da Polícia Civil que busca desarticular quadrilhas que lutam pelo controle de territórios na Zona Oeste do Rio. O ex-agente, que foi expulso da Polícia Militar em 2022, possuía envolvimento com milícias e foi preso pela primeira vez em 2020 por ligação com grupos de extorsão e grilagem de terrenos.

Segundo o delegado Jefferson Teixeira, Pessanha ingressou nas milícias para atuar em extorsões na Zona Oeste do Rio, especialmente nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema. Após sua saída da prisão em 2022, ele viu uma oportunidade e passou a se associar ao tráfico de drogas, à medida que a região se tornava um ponto estratégico para as operações do tráfico.

Relações com o Comando Vermelho

Pessanha estabeleceu uma parceria com o Comando Vermelho, uma das facções mais poderosas do tráfico no Brasil. As investigações revelam que ele não hesitou em compartilhar tudo o que aprendeu durante sua formação na Academia da Polícia Militar com os criminosos locais. Ele começou a oferecer treinos táticos a traficantes, assumindo um papel fundamental na formação de chefes do tráfico.

Mensagens e áudios foram coletados durante a investigação, onde Pessanha discute detalhes sobre as sessões de treinamento com notórios traficantes, como William Sousa Guedes, conhecido como Corolla, e Manoel Cinquine Pereira, o Paulista, foragido e apontado como líder do tráfico no Complexo da Penha.

Troca de experiências e queixas

Um dos áudios captados por investigadores mostra Pessanha reclamando de cansaço após um treinamento intenso com Corolla. “Hoje fui na casa do Corolla. Porr*, cheguei lá em cima morto, cara, morto. Isso não pode acontecer, não,” disse ele, ressaltando a urgência de estar sempre preparado para qualquer enfrentamento. Essa troca de informações e experiências mostra o quanto Pessanha se tornou uma figura chave no treinamento de traficantes.

Infraestrutura para o crime

A atuação de Pessanha não se limitava apenas ao treinamento. Ele também alugava carros de luxo para traficantes, utilizando sua empresa de segurança para facilitar essas transações. Um veículo McLaren, avaliado em R$ 2 milhões, foi alugado por R$ 460 mil ao traficante Paulista por um mês, revelando-se uma prática comum entre os envolvidos no tráfico.

As mensagens trocadas entre Pessanha e Paulista não se restringiam apenas a questões logísticas, mas também incluíam queixas sobre dores físicas após os treinos, indicando a intensidade e o comprometimento com a atividade ilícita.

Consequências jurídicas

O Ministério Público denunciou Pessanha, Corolla e Paulista por associação ao tráfico, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Novos mandados de prisão foram expedidos, mas o traficante Paulista continua foragido, dificultando ainda mais as investigações.

A conexão entre policiais e organizações criminosas no Rio de Janeiro levanta questões sérias sobre a ética e a integridade das forças de segurança no estado. Com a prisão de Ronny Pessanha, a Polícia Civil espera desmantelar operações paralelas e restaurar a confiança da população nas instituições.

A defesa dos acusados não foi localizada para comentar sobre as denúncias. À medida que a situação se desenrola, as autoridades continuam a pressionar por mais informações que possam levar à captura dos foragidos e à desarticulação do tráfico nas redes comunitárias.

A operação e suas repercussões são um sinal da luta contínua das forças de segurança do Rio de Janeiro contra o crime organizado, que tem raízes profundas na estrutura social da cidade.

Para mais detalhes sobre o caso, visite a reportagem completa.

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