O depoimento do ex-comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Junior, ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, foi classificado como “esclarecedor” e “preciso” por diversos ministros da Corte. A expectativa em torno da oitiva aumentou após o primeiro dia de audiências, quando o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, buscou mitigar as implicações da chamada trama golpista.
O que foi abordado no depoimento
Durante sua audiência, Baptista Junior forneceu detalhes que adicionaram profundidade à investigação sobre uma possível tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Ele confirmou que o ex-chefe do Exército, Marco Antonio Freire Gomes, ameaçou o ex-presidente Jair Bolsonaro com a possibilidade de prisão durante uma reunião no Palácio do Alvorada. Essa afirmação contrasta com a declaração de Freire Gomes do dia anterior, quando negou a veracidade dessa ameaça.
Ministros elogiam a seriedade do depoente
Ministros do STF, que pediram anonimato, elogiara a seriedade de Baptista Junior. Um deles destacou que o brigadeiro reafirmou as informações que havia fornecido à Polícia Federal anteriormente. “O depoimento foi esclarecedor, e ele se mostrou firme”, afirmou um dos magistrados envolvidos no julgamento.
Contexto da audiência
A oitiva de Baptista Junior foi considerada crucial, especialmente após o mal-estar provocado pela versão apresentada por Freire Gomes na audiências anterior. O ex-comandante do Exército tentou minimizar a gravidade da situação alegando que as discussões sobre o Estado de Sítio, Estado de Defesa ou GLO estavam dentro da normalidade constitucional. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, questionou a coerência dessa afirmação em relação ao que foi dito anteriormente à Polícia Federal.
Reuniões no Palácio do Alvorada
Baptista Junior revelou que participou de reuniões em que se discutiu o suporte militar para ações do ex-presidente, alegando que o almirante Almir Garnier Santos havia “colocado as tropas à disposição” de Bolsonaro. O brigadeiro explicou que, em algumas reuniões, o clima era mais um de debate pacífico, com ele e o ministro Paulo Sérgio tentando demover o ex-presidente de suas ideias, até que Garnier fez a sugestão de colocar as tropas em alerta.
Declarações relevantes e suas implicações
Entre suas declarações, Baptista Junior deixou claro que havia uma discrepância entre a postura de Garnier e a de Freire Gomes e a dele próprio. Ele afirmou que “nada pode ser tão pior para as Forças Armadas que não ter uma postura de consenso,” indicando que a falta de acordo entre os líderes militares poderia ser prejudicial.
A importância do depoimento para o julgamento
O brigadeiro é uma testemunha-chave na ação penal que visa apurar a suposta tentativa de desestabilização da democracia brasileira. De acordo com informações da Procuradoria-Geral da República (PGR), seu depoimento será fundamental para entender a dinâmica entre os líderes militares e o ex-presidente, além de esclarecimentos sobre a intenção por trás das reuniões realizadas.
Em sua conclusão, Baptista Junior enfatizou a necessidade de alinhamento entre os comandos das Forças Armadas. Sua participação no processo pode ter repercussões significativas sobre as figuras envolvidas e a forma como o STF lidará com as alegações de tentativa de golpe dentro das estruturas militares.
O impacto do depoimento de Baptista Junior pode contribuir para uma melhor compreensão da trama golpista, trazendo à luz detalhes que precisam ser considerados no julgamento dos acusados. O desenrolar dos próximos dias na corte será crucial para desvelar os desdobramentos dessa investigação.
O acompanhamento atento das audiências e dos depoimentos dos envolvidos reforça a importância de manter a democracia e as instituições brasileiras em diálogo constante e transparente.