O perfil das construtoras brasileiras está passando por uma transformação significativa. A antiga concepção de uma empresa que possui um grupo de trabalhadores capaz de executar todas as etapas de um empreendimento está se tornando obsoleta. Atualmente, as construtoras estão se reinventando, adotando um modelo de gestão mais dinâmico e contratando serviços especializados de terceiros, como pintura, gesso e instalações hidráulicas. Esse movimento é evidenciado pelos dados da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgados pelo IBGE, que revelam um aumento na participação dos serviços especializados, passando de 17,8% para 24,0% do valor total das obras no Brasil, marcando um recorde histórico.
A nova dinâmica do setor da construção
Segundo Ana Maria Castelo, Coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, essa mudança mostra uma tendência crescente, onde as construtoras estão se tornando, cada vez mais, gestoras de obras. Hoje em dia, muitas delas não mantêm equipes próprias para executar todas as tarefas, apostando em um modelo de trabalho que prioriza a terceirização e a especialização. “Nos serviços especializados, é onde estão as empresas contratadas pelas construtoras para realizar etapas das obras, representando a especialização do setor”, afirma a especialista.
Esse novo cenário não é homogêneo em todo o país, mas a tendência indica uma adaptação necessária para enfrentar os desafios do mercado. Cada vez mais, as construtoras precisam se concentrar na gestão de processos construtivos, o que inclui a formação e qualificação da mão de obra das empresas contratadas. “Essas empresas terceirizadas, que são frequentemente de pequeno e médio porte, enfrentam dificuldades em manter um treinamento contínuo, já que são mais suscetíveis às oscilações do mercado”, complementa Castelo.
Desafio da qualificação da mão de obra
Um dos maiores desafios que surgem com essa nova abordagem é a qualificação da mão de obra. Com a crescente terceirização, as construtoras devem investir em treinamentos específicos para garantir que as equipes contratadas atendam aos padrões exigidos. A maioria dessas empresas contratadas é composta por trabalhadores que, muitas vezes, não têm acesso a recursos adequados para qualificação. Isso gera um ciclo onde a falta de capacitação pode comprometer a qualidade das obras.
“Quando as construtoras falam em investir em qualificação, elas sabem que precisam habilitar esses empreiteiros, já que isso é fundamental para o avanço do projeto”, destaca Ana Maria Castelo. Este investimento em formação representa não apenas uma responsabilidade social, mas também uma estratégia para a melhoria contínua da qualidade das obras.
A importância dos serviços especializados
A crescente demanda por grande variedade de serviços especializados está moldando o futuro da construção civil no Brasil. Esses serviços incluem não apenas pintura e gesso, mas também instalações elétricas, hidráulicas e sistemas de climatização, que são vitais para a conclusão de um projeto. As construtoras, ao se tornarem gestoras de obras, podem se concentrar em atividades que garantam a eficiência e qualidade, ao mesmo tempo em que aumentam a competitividade no mercado.
É importante ressaltar que essa mudança de foco requer uma adaptação por parte dos profissionais que atuam no setor. A capacitação e o treinamento se tornam indispensáveis para manter a qualidade e a segurança das obras, atendendo assim as exigências dos clientes e das normativas do setor.
Um novo horizonte para o setor da construção
A transformação nas construtoras que se tornam gestoras de obras reflete uma evolução necessária dentro do setor da construção civil. Com a terceirização crescendo, investir na qualificação das equipes e na gestão de processos se tornou um fator crucial para o sucesso. O setor está diante de um novo paradigma, onde a especialização se torna a chave para o desenvolvimento eficiente e sustentável das obras em todo o Brasil.
Embora as mudanças sejam desafiadoras, elas também apresentam novas oportunidades de crescimento e inovação. A capacidade de adaptação será determinante para o futuro das construtoras brasileiras e, consequentemente, da construção civil no país.
Em síntese, estamos testemunhando o nascimento de um modelo mais moderno de gestão no setor da construção, que traz vantagens para as construtoras e para a qualidade das obras realizadas no Brasil.
