O mundo do trabalho está passando por uma rápida transformação impulsionada pela evolução da tecnologia, especialmente pela inteligência artificial (IA). Para que o Brasil possa se destacar nesse cenário desafiador, especialistas alertam sobre a necessidade urgente de investir em qualificação da mão de obra e fortalecer parcerias entre os setores público, privado e universidades.
Desafios e oportunidades no mercado de trabalho
O tema foi debatido recentemente na segunda edição de 2025 da série “Caminhos do Brasil”, promovida pelos jornais O GLOBO e Valor Econômico e pela rádio CBN. O evento, mediado por Stela Campos e Glauce Cavalcanti, trouxe à tona preocupações sobre o estado da educação no Brasil e sua relação com as demandas do mercado de trabalho em constante mudança. Os participantes compartilharam a visão de que, tanto o país quanto sua força de trabalho, não estão adequadamente preparados para enfrentar as transformações que estão por vir.
De acordo com o relatório “Futuro dos Empregos 2025”, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, até 2030, cerca de 22% dos empregos atuais no mundo serão impactados por mudanças estruturais, resultando na criação de aproximadamente 170 milhões de novas vagas, ao mesmo tempo em que 92 milhões de empregos podem ser eliminados. Este cenário aponta para a necessidade urgente de acelerar a formação profissional.
Velocidade na mudança como aspecto crucial
As discussões feitas no evento ressaltaram a importância da agilidade em adotá-las. Para os especialistas, o novo cenário oferece oportunidades inexploradas, desde que haja um compromisso com o treinamento e a requalificação profissional. Porém, é fundamental manejar a ansiedade dos profissionais diante das mudanças e evitar o aprofundamento das desigualdades já existentes.
Rafael Segrera, diretor executivo da Schneider Electric América do Sul, destacou a necessidade de olhar para o futuro com otimismo, apesar dos desafios: “O novo mundo do trabalho abre janelas fascinantes de oportunidades”. Ele enfatizou que o Brasil deve trabalhar para se manter competitivo em relação a outras nações que já estão avançando nesse campo.
Integração entre educação, empresas e o mercado
Outra crítica relevante feita durante o debate foi em relação à distância entre as expectativas do mercado e a preparação oferecida pelas instituições de ensino. Marcelo Viana, diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), classificou essa falta de alinhamento como um “divórcio”. A solução, segundo Viana, está em uma colaboração efetiva entre empresas e instituições acadêmicas, onde ambas as partes devem participar ativamente do processo formativo.
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, também reforçou a necessidade de mudança, pregando a valorização das habilidades humanas e a importância de um aprendizado contínuo. “É fundamental que estejamos aptos a formar profissionais preparados para os desafios de um mundo em transformação”, disse Tadros.
Exemplos de competitividade internacional
Especialistas apontam que países como Estados Unidos, China, Índia e Alemanha estão à frente do Brasil em relação à capacitação de mão de obra e investimentos em tecnologia. Luiz Tonisi, presidente da Qualcomm na América Latina, afirmou que essas nações decidiram se tornar “países tecnológicos”, investindo em educação e construção de um ecossistema de inovação. A falta de maturidade digital nas corporações brasileiras, com a incapacidade de adotar plenamente tecnologias como a IA, também foi um tema abordado, indicando um “analfabetismo digital” que precisa ser superado.
Acesso a tecnologia para pequenas e médias empresas
Uma das soluções sugeridas para ampliar a maturidade digital no Brasil é aumentar o acesso às tecnologias de pequenas e médias empresas, reduzindo custos associados. Segundo Carlos Augusto Lopes, vice-presidente da IBM Consulting América Latina, melhorar essa acessibilidade é fundamental para democratizar o uso de tecnologia no mercado.
Para que o Brasil possa aproveitar ao máximo as oportunidades que a tecnologia traz, é essencial que ações concretas sejam tomadas em todas essas frentes. A colaboração entre os setores e um foco em educação de qualidade são peças-chave para garantir um futuro mais promissor e inclusivo para todos os brasileiros.