Brasil, 22 de maio de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Aumento do preço dos carros e planos da Stellantis no Brasil

Entrevista exclusiva com Emanuele Cappellano sobre a alta dos veículos e a eletrificação da indústria automotiva no Brasil.

Nos últimos anos, o sonho de ter um carro próprio tornou-se uma realidade cada vez mais distante para muitos brasileiros. Em uma entrevista exclusiva ao g1, Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, comentou sobre o aumento significativo no preço dos carros zero e os esforços da montadora para se adaptar à feroz concorrência na corrida pela eletrificação. Desde 2016, o preço do modelo Fiat Mobi, a versão mais simples, saltou de R$ 31.900 para R$ 77.990, um aumento alarmante de 145%. Esse fenômeno não pode ser atribuído apenas à inflação, que acumulou 61,2% no mesmo período, mas também aos custos crescentes de produção e à incorporação de novas tecnologias.

Desafios econômicos e o poder de compra do brasileiro

A análise de Cappellano destaca que, enquanto os carros evoluem em tecnologia e segurança, o poder aquisitivo dos brasileiros não acompanhou esse crescimento. O salário mínimo aumentou apenas 72%, passando de R$ 880 para R$ 1.509, enquanto a parte da renda que sobra após o pagamento das despesas básicas caiu de 45% para 42%. Este cenário evidencia uma redução no poder de compra da população.

“Há uma necessidade de um esforço conjunto”, afirma Cappellano. Para ele, é essencial que a indústria automobilística e o governo se unam para criar condições que possibilitem a oferta de carros mais acessíveis. Ele propõe que a combinação de esforços pode ajudar a tornar os veículos populares uma realidade novamente. “A produção local é um fator que pode tornar o automóvel mais competitivo e acessível”, conclui.

Investimentos da Stellantis e o futuro da indústria automotiva

A Stellantis, que engloba marcas como Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM, anunciou um investimento robusto de R$ 30 bilhões entre 2025 e 2030. Contudo, mesmo com esse investimento substancial, não se espera que os modelos mais básicos se tornem mais acessíveis no curto prazo. A montadora está focada em diversificar sua linha de produtos, incorporando modernas tecnologias de propulsão para atender às diferentes demandas dos consumidores.

“Estamos priorizando tecnologias como híbridos leves e plenos, que demonstram uma demanda significativa. A ideia é que nossas plataformas automotivas sejam flexíveis, permitindo a adoção de diferentes tipos de motorização, seja tradicional ou elétrica”, explica Cappellano, sublinhando a importância da adaptação tecnológica.

O papel do governo no apoio à eletrificação

Outro ponto abordado na entrevista é o impacto das políticas governamentais na indústria automobilística. O programa de incentivo à Mobilidade Verde e Inovação, por exemplo, deve contribuir drasticamente para a previsibilidade no setor. Com créditos financeiros que variam de 50% a 320% do valor investido, o programa promete disponibilizar um total de R$ 19,3 bilhões em créditos entre 2024 e 2028 para fomentar a pesquisa e desenvolvimento no setor automotivo.

Com a alta na taxa de juros, que está fixada em 14,75%, Cappellano assegura que isso não impactará o ciclo de investimentos da Stellantis nem as previsões de lançamento de novos veículos. “A previsibilidade trazida pelas diretrizes do governo permite que a indústria se planeje e faça investimentos a longo prazo”, afirma.

A nova demanda por SUVs

A ascensão dos SUVs como os veículos mais desejados pelos brasileiros desde 2020 também foi um ponto de discussão na entrevista. Hoje, os SUVs representam mais da metade dos emplacamentos no Brasil, com 53%, superando os hatches compactos. Contudo, Cappellano ressalta que a lucratividade não está necessariamente ligada ao formato do veículo, mas sim à escala de produção e tecnologias aplicadas.

“Ainda vemos uma demanda por SUVs, mas essa tendência não é uma certeza absoluta. A variedade de formatos e tipos de carros que o mercado brasileiro deseja não é radical, e a escolha do consumidor continua a evoluir”, observou.

O futuro das marcas Citroën e Peugeot

Por fim, sobre as marcas Citroën e Peugeot, que enfrentam dificuldades no Brasil após a fusão da PSA com a FCA para formar a Stellantis, Cappellano atribui a falta de vendas à escassez de novos lançamentos e à presença histórica limitada dessas marcas no mercado. “Estamos focando em aumentar a oferta para criar um crescimento sustentável para essas marcas no Brasil”, conclui.

Com o cenário desafiador para a indústria automotiva, a clara mensagem de Emanuele Cappellano é que colaboração e inovação são essenciais para garantir um futuro viável, não apenas para a Stellantis, mas para todo o setor automotivo no Brasil.

Leia a entrevista completa aqui.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes