A situação do presidente do Corinthians, Augusto Melo, se agrava dia após dia. A Polícia Civil de São Paulo concluiu o inquérito do caso VaideBet e decidiu indiciar o dirigente pelos crimes de associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. As repercussões desse indiciamento prometem agitar o cenário político do clube nos próximos dias.
Novos desdobramentos no caso VaideBet
As informações sobre o indiciamento foram publicadas pela Gazeta Esportiva e revelaram que Augusto Melo não está sozinho nessa investigação. Outros três nomes, ligados ao clube, também foram indiciados. São eles: o ex-superintendente de marketing Sérgio Moura, o ex-diretor administrativo Marcelo Mariano e Alex Fernando André, conhecido como Alex Cassundé, que aparece como intermediador no contrato com a casa de apostas. A situação de Yun Ki Lee, ex-diretor jurídico do Corinthians, ainda está indefinida, com sua defesa requerendo habilitação nos autos. A decisão sobre seu indiciamento ficará a cargo da polícia após análise da documentação.
Com o inquérito concluído, a próxima etapa está nas mãos do Ministério Público, que determinará se apresentará uma denúncia formal à Justiça. O promotor responsável pelo caso, Juliano Atoji, já acompanha a investigação e é esperado que avance com as acusações. Se a denúncia for aceita, os indiciados se tornarão réus em um processo criminal que poderá ser longo e desgastante.
Pagamentos suspeitos levantam questões
A investigação começou a partir da identificação de transferências financeiras feitas pelo Corinthians à empresa Rede Social Media Design LTDA, que pertence a Alex Cassundé. Os indícios sustentam que uma parte desses recursos foi desviada para uma empresa de fachada com supostas ligações ao crime organizado.
O relatório do delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), revela que Cassundé transferiu R$ 580 mil para a empresa fantasma Neoway Soluções Integradas em 25 de março de 2024, data em que também foi registrado sua presença no Parque São Jorge, que é a sede do Corinthians. O contrato firmado entre a empresa de Cassundé e o Corinthians previa que ele receberia 7% do valor total da parceria com a VaideBet, o que poderia totalizar R$ 25,2 milhões em três anos, com pagamentos mensais chegando a R$ 700 mil.
Impeachment em votação no Conselho Deliberativo
Embora tenha sido indiciado, Augusto Melo reafirmou sua intenção de permanecer no cargo, conforme declarou em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira. No entanto, a instabilidade política no clube é evidente. O Conselho Deliberativo do Corinthians se reunirá na próxima segunda-feira (20) para retomar a votação do pedido de impeachment contra o presidente. Essa sessão havia sido suspensa em janeiro devido a problemas de segurança e horários. Até o momento, o processo de destituição já havia recebido aval para ser analisado, com 126 votos a favor e 114 contra.
Se a maioria simples do Conselho decidir pelo impeachment, Augusto Melo será afastado imediatamente de sua posição. Neste caso, o vice-presidente Osmar Stabile assumirá o cargo temporariamente. O processo também abriria caminho para uma Assembleia Geral, onde os associados avaliarão a situação do presidente. Se a decisão da Assembleia confirmar o impeachment, Melo será destituído de forma definitiva.
No cenário em que a denúncia do Ministério Público ganhar agilidade, a tensão política dentro do Corinthians deve aumentar. Os resultados das ações judiciais e as respostas da torcida e dos sócios serão cruciais para os próximos capítulos desta complexa história que envolve um dos clubes mais importantes do Brasil.