No coração da Baixada Fluminense, a entrega voluntária de dois policiais militares trouxe à tona um novo escândalo que choca o Brasil. O tenente Alessander Ribeiro Estrella Rosa e o cabo Diogo Briggs Climaco das Chagas, ambos suspeitos de integrar o grupo de extermínio conhecido como o novo “escritório do crime”, se apresentaram às autoridades policiais em busca de esclarecer suas posições nesse caso escabroso. O ato gerou uma série de repercussões e investigações, revelando um âmbito de corrupção e criminalidade alarmante dentro das forças de segurança.
A entrega e as acusações
Diogo Briggs foi o primeiro a se entregar, na segunda-feira (19), na delegacia de Jacarepaguá, onde passou por audiência de custódia e teve a prisão mantida. O tenente Alessander se entregou na noite seguinte, na Delegacia Judiciária de Polícia Militar, em Nova Iguaçu. Ambos estão agora à disposição das autoridades, enfrentando gravíssimas acusações que incluem a participação em organização criminosa armada, sequestro e comércio ilegal de armas.
As investigações, realizadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), apontam que a organização criminosa sob investigação estava envolvida na venda de armas que haviam sido apreendidas em operações da polícia. Dessa forma, uma estrutura criminosa se instalou dentro do próprio sistema de segurança pública.
A honraria que se transformou em polêmica
Até pouco tempo atrás, o tenente Alessander era visto como um verdadeiro herói. Em 2024, ele recebeu uma “Moção de Louvor e Regozijo pelos excelentes serviços prestados ao povo carioca”, emitida pela Câmara dos Deputados. O documento ressaltava a ilibada carreira do PM, agora sob a mira de forte investigação. Por outro lado, Diogo Briggs também estava no mesmo caminho de reconhecimento, tendo sido elogiado pelo seu comprometimento em ações de segurança pública.
O escândalo não interrompeu apenas suas carreiras, mas também gerou um questionamento profundo sobre a integridade das honrarias concedidas a profissionais da segurança pública. O deputado Sargento Portugal, responsável pela indicação de Alessander, afirmou que um pedido de cancelamento seria protocolado, visto que as investigações estão em curso. “A homenagem se baseou, apenas, na sua atuação como servidor público policial e não em atos criminosos”, declarou.
Movimentos nas sombras da polícia
O ex-PM Thiago Soares Andrade Silva, conhecido como “Batata” ou “Ganso”, é considerado o líder do novo “escritório do crime”. Mesmo encarcerado, ele tinha controle sobre a quadrilha, coordenando atividades criminosas e perpetuando violências nas ruas do Rio de Janeiro. Segundo o MP, Thiago estava ligado a contraventores, movendo-se em uma rede de crimes que não só incluem homicídios, mas também corrupção e venda ilegal de armamentos.
Segundo as investigações, o grupo atua de forma similar ao escritório do crime original, liderado pelo ex-capitão do BOPE, Adriano da Nóbrega. Em seus registros, a quadrilha é suspeita de envolver-se em outros crimes, incluindo execuções em plena luz do dia, utilizando estratégias sofisticadas de planejamento e execução.
Consequências e reflexões
As repercussões da prisão dos policiais são imensas e vão muito além do ato em si. Revela-se um cenário alarmante sobre a penetrante corrupção nas forças de segurança, que deveriam ser símbolo de proteção e segurança para a sociedade. O público agora se pergunta: quem realmente pode confiar na polícia? O papel da imprensa e das autoridades é investigar e trazer à tona a verdade, enquanto se busca pela integridade e purificação das instituições que têm como seu objetivo maior a proteção da sociedade.
A investigação e os processos legais continuarão a se desenrolar, e a sociedade aguarda com expectativa por mais informações sobre como esse escândalo surgiu e, principalmente, como afeta a imagem e a confiança nas forças policiais do estado. O trabalho do MPRJ e da polícia em desmantelar sistemas corruptos é essencial para restaurar a credibilidade das instituições que operam em prol da segurança pública.
Ao fim, espera-se que este caso seja um marco para reflexões profundas sobre a prática policial e sobre o papel da ética nas forças de segurança, relevando a necessidade de uma reformulação no sistema que possa prevenir futuros abusos e garantir um serviço de segurança digno para todos os cidadãos do Rio de Janeiro.