Brasil, 21 de maio de 2025
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Ministro da agricultura do Japão renuncia após declaração polêmica

Após dizer que nunca havia comprado arroz, ministro enfrenta crise de abastecimento e renuncia em meio à pressão popular.

O recente clima de insatisfação no Japão resultou na renúncia do ministro da Agricultura, Taku Eto, após sua infeliz declaração de que “nunca havia comprado um saco de arroz”. O comentário, feito durante um discurso sobre política agrícola, não apenas chocou a população, mas também destacou a grave crise de escassez do alimento básico em um país onde o arroz é um pilar da alimentação diária.

Escassez de arroz: uma crise crescente

O Japão enfrenta uma notável escassez de arroz, o que tem gerado preocupações sérias entre os consumidores e especialistas em segurança alimentar. Os preços dispararam, e a insatisfação nas prateleiras dos supermercados culminou em um panorama preocupante para muitas famílias japonesas, que dependem desse alimento essencial. Apesar das tentativas do governo de liberar mil toneladas de arroz dos estoques emergenciais, a situação permanece crítica.

A frustração em relação à escassez de arroz aumentou depois que Taku Eto fez um comentário descontraído em um evento público: “Nunca comprei arroz para mim mesmo. Francamente, meus apoiadores me dão bastante arroz”. Essa afirmação foi vista não só como insensível, mas como um símbolo da desconexão entre as autoridades governamentais e a realidade enfrentada pela população.

Causas da crise e consequências políticas

A situação da produção de arroz no Japão é complexa. Políticas agrícolas antigas, que visam proteger pequenos agricultores, têm impedido que novos produtores possam acessar terras cultiváveis. Assim, milhares de hectares permanecem inférteis, sem produção. As tentativas de reformar esse sistema têm esbarrado na resistência das cooperativas agrícolas e outros interesses rurais que são aliados do governista Partido Liberal Democrata. Além disso, a escassez de arroz prejudica diretamente o governo do premiê Shigeru Ishiba, que enfrenta quedas em sua popularidade a pouco tempo de eleições importantes.

Os eleitores, especialmente os urbanos, têm manifestado sua irritação diante dos preços elevados e da falta do arroz. Em várias ocasiões, supermercados tiveram que impor racionamento devido à escassez do produto, reforçando a imagem de um governo incapaz de lidar com crises alimentares. O descontentamento popular se reflete nas baixas taxas de aprovação do premiê Ishiba, que estão abaixo de 20%.

Reações ao comentário e à renúncia de Eto

A declaração de Eto gerou uma onda de críticas, reforçando a imagem de um líder alheio às necessidades e preocupações dos consumidores. Kazuya Shimba, secretário-geral do Partido Democrático pelo Povo, expressou que “não precisamos de um ministro da Agricultura que não compreende a visão dos consumidores ou dos produtores”. O caso se tornou um importante ponto de pressão para a oposição, que ameaçou apresentar uma moção de censura contra Eto.

Apesar de suas repentinas desculpas, o ministro foi incapaz de se recuperar da reação negativa, levando a sua renúncia nesta quarta-feira. Ishiba, por sua vez, sublinhou a importância de contornar a crise e anunciou a nomeação de Shinjiro Koizumi, um jovem político carismático e filho de um ex-primeiro-ministro, como seu sucessor, na esperança de restaurar a confiança pública e implementar políticas mais eficazes na agricultura.

A renúncia de Taku Eto pode ser vista como um reflexo de um Japão que, embora avançado e desenvolvido, enfrenta dificuldades em lidar com questões recorrentes de abastecimento alimentar e as demandas de uma população cada vez mais ciente e crítica. As próximas semanas serão cruciais para determinar se o novo ministro conseguirá reverter o clima de insatisfação e encontrar soluções viáveis para a crise do arroz.

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