Brasil, 21 de maio de 2025
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Ex-comandante da Aeronáutica testemunha sobre suposta trama golpista

Em depoimento ao STF, o brigadeiro Carlos Almeida Baptista revela detalhes sobre a disponibilização de tropas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na última quarta-feira, durante seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, trouxe à tona revelações impactantes sobre a dinâmica entre os altos comandos militares e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Baptista afirmou que o ex-chefe da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria colocado as tropas da força “à disposição” do mandato anterior, em uma reunião que, segundo ele, apresentou uma postura mais passiva de Garnier em relação aos demais líderes militares.

Detalhes do depoimento ao STF

O brigadeiro, que é testemunha na ação penal que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, destacou a relevância de seu depoimento. Durante a audiência, ele mencionou que se recorda de um momento específico em que Garnier teria feito a afirmação de que as tropas da Marinha poderiam ser utilizadas por Bolsonaro. “Eu tenho uma visão muito passiva do almirante Garnier”, disse, referindo-se ao tom da reunião em questão. Ele enfatizou que ele e o ex-comandante do Exército, Freire Gomes, estavam mais envolvidos nas discussões.

Baptista Junior apontou que, em um diálogo com as defesas dos acusados, Garnier reforçou que sabia que a Marinha possuía um contingente de 14 mil fuzileiros, o que poderia significar uma disposição para apoiar ações do ex-presidente. “Eu não fiquei sabendo à toa que a Marinha tem 14 mil fuzileiros”, afirmo o brigadeiro, reafirmando a gravidade da declaração do almirante.

Alinhamento entre líderes das Forças Armadas

Durante o depoimento, o brigadeiro mencionou que ele e Freire Gomes estavam em sintonia, enquanto Garnier assumiu uma postura isolada. “Infelizmente, uma vez eu falei a ele que nada pode ser tão pior para as Forças Armadas do que não ter uma postura de consenso. E talvez isso tenha sido o mais difícil, o almirante Garnier não estava na mesma postura que Freire Gomes e eu”, comentou Baptista, referindo-se ao clima de tensão entre os líderes das diferentes forças armadas.

Além das implicações sobre a ação e o alinhamento das tropas, o ex-comandante da Aeronáutica ainda lembrou de um episódio em que presenciou uma ameaça velada de Freire Gomes ao ex-presidente Jair Bolsonaro, na qual seria discutida uma possível prisão. “Logicamente ele não falou essa frase com agressividade, mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma”, relatou Baptista, revelando detalhes sobre as discussões internas que alegadamente ocorreram em momentos de crise.

Implicações do depoimento e próximos passos

A equipe de defesa de Freire Gomes negou as alegações de Baptista, afirmando que não houve qualquer intenção de ameaça ou conotação golpista nas reuniões entre os líderes militares. O depoimento do brigadeiro, portanto, assume um papel central no desenrolar dos processos judiciais em curso, uma vez que a Procuradoria-Geral da República (PGR) o indicou como testemunha chave no caso.

Com essas declarações, o depoimento de Baptista não só fornece uma visão sobre as instâncias de comando militar durante o governo Bolsonaro, mas também levanta questões cruciais sobre os limites da atuação das Forças Armadas na política brasileira. As tensões entre os militares e os políticos, especialmente em tempos de crise, são sempre um tema delicado e altamente relevante, que demanda uma abordagem cuidadosa e atenta por parte da sociedade civil e das instituições governamentais.

À medida que o processo avança, a expectativa é de que mais detalhes e depoimentos continuem a surgir, revelando a complexidade da situação vivida pelo Brasil nos últimos anos e as possíveis repercussões políticas e sociais que essas revelações podem gerar.

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