Brasil, 21 de maio de 2025
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Ex-comandante da Aeronáutica revela detalhes de minuta golpista

Depoimento de Carlos Almeida Baptista Junior no STF coloca Bolsonaro em meio a trama golpista após eleições de 2022.

O ex-comandante da Aeronáutica, Carlos Almeida Baptista Junior, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira, onde confirmo sua participação em reuniões no Palácio da Alvorada, nas quais discutiu-se uma minuta que planejava um golpe de Estado. Esta audiência é parte da investigação sobre a suposta tentativa de golpe após as eleições de 2022 e as declarações de Baptista Junior são consideradas cruciais para o desdobramento do processo.

Depoimento e revelações bombásticas

Baptista Junior, que compareceu à Primeira Turma do STF, relatou que, durante uma dessas reuniões, o ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou uma proposta que visava reverter o resultado eleitoral. “Logicamente ele não falou essa frase com agressividade. Mas é isso que ele falou. Com muita tranquilidade, com muita calma”, afirmou o brigadeiro durante o depoimento.

Além de confirmar a minuta do golpista, o brigadeiro também confirmou uma situação tensa envolvendo o então comandante do Exército, Marco Antonio Freire Gomes. Durante a audiência, Baptista Junior detalhou que Freire Gomes teria ameaçado Bolsonaro com a prisão, caso ele persistisse em sua tentativa de dar um golpe. “Se você continuar com isso, eu terei que te prender”, foram as palavras que Baptista Júnior disse ter ouvido, de acordo com seu depoimento.

O papel da Procuradoria-Geral da República

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, fez questão de ressaltar a importância do testemunho de Baptista Junior, que foi indicado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) como uma das principais testemunhas no processo. O brigadeiro declarou que, caso não fosse pela recusa do comando do Exército, a tentativa de golpe poderia ter se concretizado. “Se o comandante tivesse anuído, possivelmente a tentativa de Golpe de Estado teria se consumado”, disse ele, revelando a gravidade da situação.

Discussões sobre instrumentos de intervenção

Baptista Junior também relatou ao STF que Bolsonaro foi alertado sobre as consequências legais que a tentativa de golpe poderia trazer. Ele ressaltou que, durante uma das reuniões que ocorreram após as eleições, o presidente aventou a possibilidade de aplicar medidas extremas, como o Estado de Defesa ou o Estado de Sítio. “Se tentar tal ato, terá que ser preso”, afirmou o ex-comandante em relação ao cenário apresentado por Bolsonaro.

Os depoimentos de Baptista Junior e do general Freire Gomes colocaram Bolsonaro no centro de uma trama que buscava desestabilizar a democracia após sua derrota nas eleições. Os dois juntos confirmaram que reuniões ocorreram no Palácio da Alvorada, onde se discutiu a possibilidade de instaurar o Estado de Sítio, o que gerou grande preocupação em relação à manutenção da ordem institucional no Brasil.

Contrapontos nas testemunhas

Em audiência anterior, o general Freire Gomes tentou minimiza a gravidade do que foi discutido, afirmando que os instrumentos mencionados são previstos na Constituição e, por isso, não lhe causaram desconforto. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, questionou essa perspectiva, destacando que o relato de Freire Gomes na audiência parecia contradizer o que ele havia informado à Polícia Federal anteriormente.

Ao final da audiência, o ministro Moraes leu trechos do depoimento do ex-chefe do Exército, que ele confirmou, provocando ainda mais dúvidas sobre a natureza exata das discussões que ocorreram entre as forças armadas e o ex-presidente.

Implicações para o futuro político

As revelações feitas por Baptista Junior e Freire Gomes têm implicações significativas para o futuro político do Brasil. A questão central que permeia a investigação é se a tentativa de golpe de Estado foi um ato isolado ou se fazia parte de um movimento coordenado que envolvia outras figuras políticas e militares. Esses depoimentos irão continuar a ser analisados e terão um papel decisivo em como a justiça brasileira lidará com esse caso.

Com a continuação dos depoimentos e novas evidências a serem apresentadas, o cenário político brasileiro permanece tenso e em constante evolução. O desfecho do caso pode não apenas afetar a reputação dos envolvidos, mas também traçar o futuro da democracia no país e o papel das Forças Armadas na política nacional.

Nos próximos dias, será crucial acompanhar os avanços nas investigações e as reações diversas da sociedade e dos políticos a essa narrativa em desenvolvimento.

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