No último dia 3, o professor de corrida João Andrade usou suas redes sociais para expor uma situação de exclusão que muitos atletas enfrentam: a proibição de treinar na pista de atletismo da Universidade de Brasília (UnB). Andrade, que aguardava a liberação para realizar sua atividade física, foi informado por uma funcionária do Centro Olímpico que o local não é aberto ao público, sendo necessário estar inscrito em projetos de extensão para obter acesso às instalações.
Regras de acesso ao Centro Olímpico
A informação foi detalhada pelo chefe do Centro Olímpico da UnB, Vitor Lage. Ele explicou que os espaços e equipamentos estão disponíveis somente para aqueles que participam dos projetos de extensão da universidade. “Esses projetos são a maneira que a universidade encontrou para promover a inclusão da comunidade no uso de suas instalações. O acesso não é restrito, mas deve ser organizado e sistematizado por meio de tais projetos”, esclareceu Lage.
Essa regra, no entanto, tem gerado frustração entre atletas da alta performance, como o bicampeão brasileiro de atletismo Matheus Américo. Ele também se deparou com a dificuldade de treinar na estrutura da UnB, que considera essencial para seu desenvolvimento esportivo. “Eu que já representei a seleção brasileira cinco vezes, sou bicampeão brasileiro, campeão sul-americano, não consigo ter acesso a essa estrutura importante para o atleta de alto rendimento”, afirmou Américo, revelando a desmotivação que a situação causa em muitos atletas.
A situação financeira do Centro Olímpico
A necessidade de inscrição em projetos de extensão e as limitações de uso da pista se devem, em grande parte, a problemas orçamentários. O Centro Olímpico conta com duas pistas: uma principal, que ocupa cerca de 15 mil m², e outra menor, de aquecimento, com 13,5 mil m². No entanto, há dias em que as atividades do curso de educação física restringem ainda mais o acesso ao público.
Vitor Lage destacou que o aumento de horários disponíveis para uso público não é viável no momento devido à falta de recursos humanos para gerenciar essas atividades. “Atualmente, estamos lidando com uma limitação em relação a esse recurso humano necessário para atender a todos os usuários. Nosso desejo é aumentar esses horários de acesso e estamos buscando parcerias para viabilizar isso”, completou o gestor.
O apelo dos atletas
A insatisfação gerada por essa situação levou diversos atletas a se manifestarem, tanto nas redes sociais quanto em reuniões esportivas. Muitos buscam despertar a atenção das autoridades competentes para melhorar as condições de acesso às instalações esportivas da UnB, que são consideradas cruciais para a formação e treino de atletas de diversas modalidades.
As redes sociais têm sido um canal de expressão para muitos, que esperam que o clamor por melhorias chegue ao conhecimento da administração da universidade e que soluções sejam propostas de forma a atender as necessidades da comunidade esportiva local.
Considerações finais
Esse caso evidencia a importância de se pensar em políticas públicas que garantam o acesso e a inclusão dos atletas nas estruturas esportivas disponíveis. A Universidade de Brasília possui uma infraestrutura que, se melhor utilizada, pode contribuir significativamente para o desenvolvimento esportivo em Brasília e para atletas que lutam por reconhecimento e oportunidades de treinamento adequadas.
Com a crescente demanda por espaços de treinamento adequados, é imprescindível que as instituições de ensino superior e os órgãos públicos se unam para criar um ambiente favorável à prática esportiva. O esporte é uma poderosa ferramenta de inclusão social e de promoção da saúde, e deve ser acessível a todos os interessados.
O futuro das práticas esportivas na UnB e no DF depende dessas mudanças estruturais que garantam que todos, independentemente de sua vinculação acadêmica, possam usufruir dos benefícios proporcionados por uma pista de atletismo de qualidade.
