Brasil, 21 de maio de 2025
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A necessidade de uma nova ‘Rerum Novarum’ no pontificado de Leão XIV

O teólogo Jorge Cunha destaca a possível produção de um texto orientador sobre inteligência artificial e trabalho humano pelo Papa Leão XIV.

No contexto atual de rápidas mudanças tecnológicas, especialmente com o crescimento da inteligência artificial, o teólogo Jorge Cunha enfatiza a importância de um novo pronunciamento da Igreja Católica, especialmente sob o novo papa Leão XIV. Ele sugere que uma encíclica que trate sobre o trabalho humano e sua interseção com a tecnologia é urgentemente necessária, referindo-se a um retorno aos princípios da famosa ‘Rerum Novarum’ de Leão XIII.

O legado de Leão XIII e a urgência de um novo direcionamento

Durante uma recente entrevista à Rádio Renascença e à Agência Ecclesia, o padre Jorge Cunha, que é catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, destacou que a Igreja precisa de uma nova ‘Rerum Novarum’, um documento que possa abordar as questões contemporâneas que o mundo do trabalho enfrenta, especialmente frente ao avanço da inteligência artificial.

“Estamos à beira de uma nova era, e a tecnologia pode ser uma grande aliada ou uma barreira, dependendo de como a utilizamos”, afirmou o sacerdote da diocese do Porto. Ele espera que Leão XIV assuma um papel proativo, olhando para as realidades sociais e econômicas ao seu redor, assim como fez seu antecessor, Leão XIII, que se destacou por criar um diálogo entre a fé e a realidade do mundo operário.

Os desafios e as oportunidades trazidas pela inteligência artificial

Cunha expressou preocupação sobre como a inteligência artificial pode libertar os seres humanos de trabalhos repetitivos e exaustivos, mas também alertou que poderá “parasitar” a nossa essência, levando a um empobrecimento da interioridade humana. Ele enfatizou a necessidade de orientação moral e espiritual para educar as pessoas em um mundo onde as máquinas começam a ter um papel predominante.

“O robô pode aprimorar a eficiência e facilitar a vida, mas também pode, se não for devidamente regulado e orientado, tomar o lugar de nossas decisões e nossa humanidade”, disse ele. Cunha argumenta que é essencial que a Igreja consiga oferecer clareza e diretrizes em relação ao uso de tecnologias, e o novo papa tem essa responsabilidade.

Um olhar sobre a história

Jorge Cunha vê o Papa Leão XIV não apenas como um sucessor de Leão XIII, mas também como um representante de diversas figuras históricas importantes dentro da Igreja, como Leão Magno e Leão X. Ele acredita que um ensino forte baseado nas raízes históricas da Igreja pode ser fundamental para o futuro, especialmente em tempos tão complicados e incertos.

“Hoje, precisamos de uma nova ‘Rerum Novarum’ que examine as inovações no trabalho humano. Precisamos de esperança que nos leve a uma educação moral renovada, para não nos perdermos nesse novo paradigma”, reafirma Cunha.

Esperanças para o novo pontificado

Cunha fez questão de ressaltar que o novo papa, que se identificou como um religioso que segue os princípios de Santo Agostinho, poderá trazer uma nova era de reflexão e ação para a Igreja. “Espero que ele possa aplicar as intuições de Santo Agostinho em suas intervenções, promovendo uma Igreja centrada no coração e no respeito às subjetividades dos seres humanos”, afirmou.

Ele destacou também a homilia recente de Leão XIV, onde o papa se apresentou como um irmão em busca de união e amor entre todos. “Amor e unidade: estas são as dimensões essenciais da missão confiada a Pedro por Jesus”, declarou com entusiasmo o novo papa.

Jorge Cunha encerra sua previsão sobre o papado de Leão XIV com uma expectativa positiva: “Acredito que teremos um líder que não apenas questionará as incertezas da era moderna, mas que também terá a coragem e a força de um verdadeiro leão para enfrentar os desafios que virão.”

Ainda assim, a sociedade aguarda e observa, enquanto se inicia este novo capítulo na história da Igreja Católica, esperando que a sabedoria oferecida pela liderança do Papa Leão XIV possa guiar todos nós através das complexidades do mundo moderno.

O padre Jorge Cunha é professor catedrático da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa e um incansável defensor da importância da moral e espiritualidade no diálogo entre fé e sociedade.

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