A subprocuradora-geral da República, Cláudia Sampaio Marques, defendeu, nesta terça-feira, que a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceite a denúncia contra os 12 membros do chamado “núcleo 3” da trama golpista, que planejava desestabilizar a ordem democrática no Brasil. De acordo com Marques, os envolvidos, que incluem militares e um policial federal, tomaram medidas concretas para realizar um golpe de Estado após perceberem que não havia mais chance de reverter os resultados das eleições de 2022.
Denúncia contra militares e policial federal
Durante sua exposição, a subprocuradora destacou que, diante da legalidade das eleições, os acusados passaram a agir em um esforço para efetivar o golpe. “Quando se deram conta que nada mais podia ser feito em relação às eleições, que transcorreram dentro dos rigorosos padrões de legalidade, passaram a agir concretamente para a efetivação do golpe de Estado”, afirmou Cláudia Marques.
O STF está avaliando a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra 12 pessoas, sendo 11 militares e um policial federal. Segundo as acusações, o grupo articulou o sequestro do ministro Alexandre de Moraes, do STF, e pressionou o Alto Comando do Exército a aderir ao plano golpista.
Estratégias do núcleo golpista
Marques explicou que o núcleo em questão era formado essencialmente por integrantes das forças especiais, que desempenharam um papel relevante na execução de estratégias visando à ruptura do regime democrático. “Além de promover ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a aderir ao movimento golpista, exerceram relevante papel na execução das estratégias de ruptura do regime democrático, notadamente na parte envolvendo a neutralização de autoridades”, ressaltou.
O STF já tornou réus outros 21 indivíduos envolvidos na tentativa golpista, que pertencem a outros três núcleos da organização criminosa. Com essa análise, restará apenas uma denúncia a ser julgada, que diz respeito ao economista Paulo Figueiredo Filho, atualmente vivendo nos Estados Unidos.
Alvos da denúncia
Entre os acusados que têm suas denúncias avaliadas nesta terça-feira está o general da reserva Estevam Theophilo, que era comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter). O procurador-geral da República, Paulo Gonet, destacou que Theophilo “aceitou coordenar o emprego das forças terrestres conforme as diretrizes do grupo”. Outro alvo importante é o policial federal Wladimir Soares, que, em áudios apresentados pela Polícia Federal (PF) ao STF, afirmou que estava “preparado para prender” o ministro Moraes, referindo-se a ele de maneira pejorativa e insinuando que Moraes impediria a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A defesa de Soares solicitou o adiamento do julgamento, mas o relator Alexandre de Moraes rejeitou a solicitação, argumentando que os áudios apresentados não integravam a denúncia que estava sendo analisada.
Ações de monitoramento e neutralização
Segundo a PGR, o policial Soares, juntamente com os militares Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo, “lideraram ações de campo voltadas ao monitoramento e neutralização de autoridades públicas”. Este grupo, por sua vez, teria sido responsável pelo plano chamado “Copa 2022″, que envolvia a vigilância do ministro do STF.
Além dos mencionados, outros sete militares foram acusados de “promover ações táticas para convencer e pressionar o Alto Comando do Exército a ultimar o golpe”. Esses são Bernardo Romão Correa Netto, Cleverson Ney Magalhães, Fabrício Moreira de Bastos, Márcio Nunes de Resende Júnior, Nilton Diniz Rodrigues, Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Ronald Ferreira de Araújo Junior.
A situação se torna cada vez mais séria à medida que o STF avança nas investigações e julgamentos relacionados a essa trama golpista, mostrando que as autoridades estão comprometidas na busca por justiça e na preservação da ordem democrática no Brasil.