O julgamento pela morte do ídolo argentino do futebol, Diego Armando Maradona, foi suspenso por uma semana nesta terça-feira, 20 de maio de 2025. A decisão ocorreu após a juíza presidente Julieta Makintach ser interrogada, devido a suspeitas de que estaria envolvida na produção de um documentário sobre o caso em andamento. O promotor Patricio Ferrari solicitou a suspensão temporária do julgamento, que começou em março, em San Isidro, na província de Buenos Aires, afirmando que era necessário “resolver uma questão que parece ser de gravidade institucional”.
Motivos da suspensão do julgamento
A suspensão, que pode resultar na anulação do julgamento se houver comprovações de irregularidades, é relacionada à entrada de câmeras nas audiências. Desde a segunda audiência, a gravação dos procedimentos judiciais estava proibida, e agora o Ministério Público investigará se essa norma foi infringida e se a juíza Makintach tem alguma responsabilidade na suposta violação.
Durante a audiência de terça-feira, foram apresentados dois pedidos de recusa contra Makintach. Um deles alega conivência com os documentaristas, enquanto o outro aponta parcialidade. Ambos os pedidos serão analisados por um painel de três juízes e uma decisão deverá ser tomada em uma semana. Em sua defesa, Makintach declarou: “Estou convencida da minha imparcialidade; explicarei o caso”.
As implicações do julgamento
As contestações apresentadas foram feitas pelos advogados de defesa de dois dos sete profissionais de saúde que enfrentam acusações de homicídio doloso, o que sugere que eles teriam conhecimento de que suas ações poderiam levar à morte do paciente. Considerado um dos melhores jogadores de futebol da história, “El Diez” morreu aos 60 anos, em 25 de novembro de 2020, na cidade de Tigre, após complicações de saúde.
Maradona, que foi campeão da Copa do Mundo em 1986, faleceu devido a um edema pulmonar enquanto recebia cuidados médicos em casa, após passar por uma cirurgia neurológica duas semanas antes de sua morte. Se considerados culpados, os réus podem enfrentar penas de 8 a 25 anos de prisão. Um oitavo profissional de saúde será julgado separadamente, sendo que todos alegam inocência.
Suspeitas de irregularidades durante o julgamento
Os advogados dos demandantes, Diego Baudry e Fernando Burlando, solicitaram a investigação referente ao suposto documentário, apontando a possível prática de diversos crimes, como “violação dos deveres de um funcionário público, abuso de autoridade, divulgação de segredos ou informações privilegiadas, má conduta no dever de imparcialidade, tráfico de influência e, possivelmente, suborno”, conforme documentações obtidas pela AFP.
No final da audiência de terça-feira, Makintach expressou seu desejo de que todas as partes envolvidas sejam informadas sobre a investigação que pode resultar da análise dessa situação.
Futuro do julgamento
A perspectiva sobre o futuro do julgamento, caso Makintach seja afastada, gera opiniões diversas. As alternativas consideradas incluem adicionar um novo juiz e continuar o julgamento, prosseguir com um juiz único ou substituir todos os três juízes atuais. Esse cenário preocupa todos os lados no processo, pois recomeçar o julgamento representaria um grande obstáculo, como destacaram advogados presentes.
Durante os últimos meses de audiência, mais de 40 testemunhas foram ouvidas, e os acusadores criticarão as condições de vida em que Maradona vivia durante sua recuperação. Diversas pessoas que testemunharam descreveram o ambiente de confinamento domiciliar como sombrio, destacando que ele foi tratado em um quarto sujo e desorganizado, sem os equipamentos médicos adequados.
O julgamento da morte de Diego Maradona, uma figura icônica do futebol mundial, continua a ser um tema de intenso interesse público e, com os eventos recentes, a saga legal pode tomar novos rumos nas próximas semanas.
