O conceito de trabalho tem passado por diversas transformações nos últimos anos. Entre as inovações que têm ganhado destaque está o chronoworking, um modelo que permite aos profissionais organizarem suas jornadas de trabalho de acordo com seu ritmo biológico. Essa abordagem não apenas promove a flexibilidade, mas também visa aumentar a produtividade e o bem-estar dos colaboradores. A seguir, entenda melhor como esse método funciona e quais são suas implicações na legislação trabalhista brasileira.
Como funciona o chronoworking?
Criado pela jornalista britânica Ellen C. Scott, o modelo de chronoworking permite que os trabalhadores atuem em horários que se adequam aos seus cronotipos, ou seja, aos seus ritmos biológicos pessoais. Laerte Nogueira, líder de equipe da Everymind, é um dos profissionais que adotam esse formato de trabalho, iniciando sua jornada às 11h. Segundo ele, essa flexibilidade resulta em um equilíbrio significativo entre vida pessoal e profissional: “Consigo ficar mais tempo com o meu filho, e à noite posso focar e ser mais produtivo”, afirma.
A implementação do chronoworking já é realidade em algumas empresas brasileiras. Eduardo Nunes, vice-presidente de pessoas e cultura na Everymind, explica que os colaboradores têm liberdade para escolher seus horários de trabalho, desde que alinhados com a equipe e a liderança. Atualmente, 90% dos mais de 500 colaboradores da empresa têm essa autonomia, o que tem levado a avaliações positivas no ambiente de trabalho.
A legislação trabalhista e o chronoworking
Apesar dos benefícios oferecidos por esse modelo, ainda não existem leis específicas que regulamentem o chronoworking no Brasil. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelece jornadas de 8 horas diárias, com limites de até 44 horas semanais. Segundo a advogada trabalhista Fabiana Fittipaldi, é fundamental que as empresas estejam atentas às leis aplicáveis ao trabalhador. Embora a flexibilidade de horários seja permitida, a empresa deve garantir a proteção dos direitos do colaborador, principalmente no que diz respeito ao pagamento de horas extras e ao adicional noturno.
Além disso, a orientação legal prevê que qualquer alteração nas condições de trabalho deve contar com o consentimento mútuo entre empregador e empregado. Isso é especialmente importante em contextos onde a jornada de trabalho está sendo adaptada para um formato mais flexível, como o chronoworking.
Os benefícios do chronoworking
Estudos apontam que a adoção de políticas de trabalho mais flexíveis pode resultar em menores índices de burnout e estresse, além de aumentar o engajamento dos colaboradores. Segundo Vânia D’Almeida, professora da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o chronoworking pode ajudar a melhorar a produtividade ao respeitar as preferências individuais dos trabalhadores. No entanto, ela ressalta a importância de orientações adequadas para garantir que os colaboradores consigam dormir regularmente.
Outra instituição que tem implementado esse modelo é a loja de móveis e decoração Homedock. A empresa se dedicou a entender o perfil comportamental de seus funcionários e a adaptar as funções às necessidades de cada um, promovendo um ambiente de trabalho que valoriza a individualidade e a produtividade.
Os desafios do chronoworking
Mesmo com os benefícios, a implementação do chronoworking deve ser realizada com cautela. Setores que exigem cadeias produtivas mais rígidas, como bancos e fábricas, podem encontrar dificuldades em adaptar seus métodos sem comprometer a eficiência. Fabiana Fittipaldi destaca que, embora a flexibilidade seja uma tendência, ela deve sempre respeitar limites legais e operacionais para não prejudicar os trabalhadores.
Conclusão
O chronoworking representa uma abordagem inovadora que busca atender aos ritmos biológicos dos funcionários e promover um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo. No entanto, sua adoção deve ser feita com atenção às legislações vigentes e às especificidades de cada setor. À medida que mais empresas adotam esse modelo, será necessário um debate contínuo sobre as leis trabalhistas, para que evoluam em consonância com as novas demandas do mercado.
Assim, o chronoworking pode ser um passo importante na direção de uma cultura organizacional mais inclusiva e adaptável, refletindo o desejo de muitas empresas de se tornarem mais humanas e eficientes.
Para mais informações sobre essa tendência, acesse o artigo completo no g1 [aqui](https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2025/05/20/chronoworking-conheca-o-modelo-de-trabalho-que-segue-o-ritmo-biologico-do-funcionario.ghtml).