Em um discurso marcante durante o 2º Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que o Brasil possui uma dívida histórica com o continente africano. Essa dívida, segundo o presidente, não pode ser quitada apenas com dinheiro, mas sim com solidariedade, transferência de tecnologia e assistência no desenvolvimento da agricultura local, um tema central no combate à fome e à pobreza global.
A importância da solidariedade na relação Brasil-África
Durante sua fala, Lula destacou a necessidade de o Brasil compartilhar sua expertise na produção de alimentos, especialmente em um momento em que a segurança alimentar é uma questão urgente para muitos países africanos. “Nós devemos 350 anos em que este país explorou uma grande parte do povo africano. E eu tenho consciência que o Brasil não pode pagar isso em dinheiro, e isso não pode ser mensurado em dinheiro”, afirmou ele, recebendo a atenção dos ministros da agricultura de diversos países da União Africana que participaram do encontro.
O evento, que ocorre em Brasília até o dia 22 de novembro, visa fortalecer laços e promover uma cooperação frutífera entre o Brasil e as nações africanas, pautada na solidariedade e no desenvolvimento sustentável. A discussão gira em torno da identificação de oportunidades de investimento no setor agropecuário, bem como sobre políticas públicas mais eficazes para combater a fome e a pobreza.
Iniciativas globais e impacto local
Durante sua apresentação, Lula também mencionou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma iniciativa aprovada pelo Brasil na presidência do G20 no ano passado. Ele ressaltou a responsabilidade dos governantes para priorizar a resolução dessas questões, afirmando que “a fome não é por conta da natureza ou por conta de qualquer outro evento, e muitas vezes é causada pela irresponsabilidade de quem governa”.
“Precisamos parar com altos discursos e baixa execução de programas”, alertou, reforçando a necessidade de efetividade nas políticas públicas focadas em alimentação e desenvolvimento sustentável.
Participação e programação do Diálogo Brasil-África
O encontro reúne mais de 40 delegações de países africanos, somando representantes de organismos internacionais, bancos multilaterais, instituições de pesquisa, organizações de agricultura familiar e do setor privado. Essa diversidade de participantes ressalta a importância da colaboração internacional na busca por soluções para os desafios enfrentados pela agricultura em países em desenvolvimento.
A programação do evento inclui visitas de campo em Brasília, que abordarão temas como agricultura familiar e saúde do solo, além de visitas a Petrolina, onde serão discutidas tecnologias para convivência com a seca e fruticultura tropicalizada. Essas atividades práticas visam inspirar a implementação de técnicas que possam ser adaptadas e replicadas nas realidades africanas.
O diálogo entre o Brasil e a África é crucial não apenas para a construção de um futuro mais sólido no combate à fome, mas também para o fortalecimento de relações históricas que sempre foram marcadas pela solidariedade e pela busca de um mundo mais justo.
Ao final de seu discurso, Lula reafirmou seu compromisso com a cooperação africana e o desejo de ver o continente prosperar, destacando que as consultas e negociações estabelecidas nesse encontro são passos significativos para a construção de um futuro mais sustentável e igualitário.
Esse compromisso deve ser mantido ao longo dos próximos anos, em busca de garantir que a produção de alimentos se torne uma prioridade para todos e que a experiência brasileira ajude a transformar a realidade de muitos países africanos.
* Título alterado para adequação de informação.